terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Memórias de um romance sem lembranças - Parte V


Dormia na recepção do hospital, quando sentiu algo tocando levemente seu rosto ainda molhado pelas lágrimas, assustada, Gabi desperta e se depara com Marcelo, que havia acabado de chegar e tentava confortar a amiga. Nunca a havia visto tão abatida, pois ao terminar de explicá-lo o que ocorria, caiu aos prantos, num choro compulsivo. Receoso, tentou convencê-la a ir dormir e descansar em casa, porém ela se negava e fazia questão de ficar no hospital, para acompanhar tudo de perto.
Horas se passaram, ela adormecera novamente, só que agora no quarto de Luiz, que continuava em repouso e inconsciente. Marcelo não podendo acompanhá-la foi para casa, mas pronto para qualquer emergência voltar. Foi à noite mais longa da vida dela e a mais angustiante.
Quando os primeiros raios de sol invadiam o quarto e refletiam em seu rosto, Luiz acordara. Confuso ao perceber que estava em um quarto de hospital, também notou que sua amada dormia numa poltrona, quase ao pé de sua cama. O ultimo fato de que se lembrava era o banho e logo depois um clarão aconteceu, a partir desse momento nada mais fazia sentido.
Com cuidado para não acordar sua exausta sentinela, se levantou e foi em direção a enfermaria, onde rapidamente trataram de chamar o médico que o havia examinado; para lhe explicar com detalhes o que estava acontecendo. Foi nesse momento em que a coragem até então desconhecida dele surgiu, pois sem se desesperar, ouviu tudo que aquele homem, que parecia não se importar muito com o fato mais tenso de toda sua vida.
Ao voltar para o quarto, olhou a adormecida mulher que em nenhum momento o abandonou, contemplando-a em seu sono, admirando-a e depois de um tímido sorriso, beijou sua testa, para então voltar a dormir. Ao meio dia em ponto, ela finalmente abre seus olhos depois de uma cansativa noite, se levanta da desconfortável poltrona que adaptara como pôde e se dirige a cabeceira da cama. Com os olhos já quase que secos de tanto lacrimejar, faz um cafuné naqueles pequenos cachos macios.
Ele sem abrir os olhos, abre um sorriso e agradece por não deixá-lo só naquele lugar, em seguida puxa-a pra cima da cama e a abraça de forma calorosa, como se não se a visse há anos. Falando “te amo”, diversas vezes ao pé de seu ouvido e acariciando sua cabeça.
A quimioterapia começava, a cada semana passada, uma batalha travada contra a doença. Mais magro, fraco e com a perda de cabelos, seu único estimulo de continuar vivo, era saber que toda vez quando dormia e sonhava com os anjos, acordava e via o seu sempre com um largo e terno sorriso, lhe dizendo que ao terminar aquilo tudo, iriam para Búzios, comprar uma cabana na praia e viver seu paraíso particular.
Tentavam levar uma vida normal, sem tocar muito no assunto da doença, mas era em vão, pois após quatro meses, seus cabelos agora eram ralos e poucos eram os tufos, o que fez ele tomar a decisão de raspar tudo de uma vez só, para acabar com aquela ânsia. Estava cada dia mais abatido, mais com coragem para continuar sua vida ao lado do seu primeiro e único amor.
A pedido de seu amigo Marcelo, Gabi resolveu um dia sair para se distrair e aliviar o estresse. Foram ao shopping os três. Ela, Marcelo e o seu novo namorado, Luiz ficara em casa para uma nova sessão de quimioterapia.
Num dos momentos em que lanchava com os dois num fast food, sentiu fortes enjôos e se dirigiu rapidamente ao banheiro do shopping. Achando que pudesse ter ingerido alimento estragado, voltou com os rapazes até a lanchonete, porém depois de mais um enjôo, voltou ao banheiro e por lá permaneceu por uma hora e meia.
Sem pestanejar, Marcelo mais experiente e sensato, pediu para a amiga ir na farmácia com ele comprar um teste de gravidez. Ela relutou muito, falou que era impossível, pois ele usava preservativo e ela tomava pílula regularmente, contudo no fim cedeu.
Foram a casa de Marcelo, ela foi ao banheiro fazer o tal teste, ele e seu affair agoniados na sala, esperavam o resultado. Depois de um tempo, eis que sai a protagonista de tal aflição, com o resultado do exame em mãos.
Com os olhos cheios de lágrimas, mostra o exame que apresentava uma listra vermelha e outra azul, ou seja, positivo de acordo com as instruções. Gabi estava grávida e seus sentimentos agora, eram uma fusão de medo e êxtase.


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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Memórias de um romance sem lembranças - Parte IV







A noite seguia e agora conversavam deitados num colchão com diversas almofadas e cercado de pétalas de rosas de variadas cores.
Ela contava seus problemas familiares, como a morte de seus pais e por não ter nenhum parente próximo. O que era algo em comum com ele, que nunca havia conhecido os seus e tinha sido criado pelo casal de padrinhos gays. A história dos dois era tão parecida que as vezes parecia ser a mesma e isso fazia o casal se identificar e compreender as suas frustrações, sabendo que outra pessoa também pensava de maneira igual.
No rádio anunciava a sessão da madrugada com os maiores sucessos do rei Roberto Carlos, riram de forma descontrolada, agora não pelo efeito da cannabis e sim pelas situações hilárias que aconteciam naquela noite. O silêncio tomou conta após as risadas, se encararam de forma fascinante, como o de costume, sem jeito e extremamente nervoso, ele ficava estático. Já ela começava a acariciar seu pálido rosto, sentindo sua barba e desejando seu corpo naquele momento.
O clima finalmente havia chegado, uma troca de carinhos, mãos deslizando, lendo e sentindo cada parte do corpo do outro. Com mãos trêmulas, como as de um menino, ele começava a abrir o seu vestido. Ela por sinal, beijava seu pescoço, enquanto puxava levemente seus cabelos, vendo que ele não conseguia de jeito nenhum se livrar do complicado sutiã, o tirou sozinha.
Pegou umas das suas suadas mãos e botou em seu seio, mais trêmulo que antes, tocava levemente com a ponta dos dedos seus seios, quase sem tocá-los.
Deitou no colchão, ela beijando todo seu corpo e tirando suas roupas bem lentamente, foi quando ele a interrompeu, com os olhos vermelhos e cheios de lágrimas.
Assustada sem saber o que tinha feito de errado, perguntou se o havia machucado. Luiz, ainda nervoso e com uma cara envergonhada a explicou que era virgem e que ele poderia fazer feio, logo se ela quisesse desistir ele entenderia. Vendo o choro do seu amor, ela o olhou de forma meiga e retornou a beijá-lo, agora tinha mais certeza do que nunca sobre o que sentia por aquele homem.
Foi o sexo mais mágico em toda sua vida, era muito mais que só uma transa, finalmente tinha entendido o sentindo da expressão “fazer amor”. O dia amanhecia e com ele os sussurros ao pé do ouvido, os corpos encharcados de suor. Suor, que pingava nas suas costas, aumentando ainda mais a intensa excitação do momento e tudo regado ao som do rei na rádio.
Depois de algumas horas, nus, ofegantes e completamente suados; finalmente pegaram no sono, com uma só certeza, nenhum sonho seria melhor do que aquele que viviam.
Ao acordar, Gabi se deparou com uma bandeja de café da manhã, que ele havia feito e a aguardava despertar, sentado e contemplando a mulher mais linda que já havia conhecido. Num leve sorriso, se acomodou para comer o café preparado com carinho, com frutas cortadas em diversas formas, desde animais de melancia a corações de mamão. Segurava o riso com medo de ofendê-lo, porém tinha achado linda à atitude do simpático ex virgem. Após o fofo café, foram tomar um banho juntos.
Brincadeiras, caricias, beijos, até que Luiz sentiu sua cabeça girar, caindo no chão do box inconsciente. Ela desesperada tentava acordá-lo, ao passar a mão em sua cabeça, notara que seu ouvido sangrava de forma intensa, sem conseguir levantá-lo, correu para ligar para a emergência. Partiu com ele na ambulância, aflita segurava firme sua mão e chorava de forma desolada.
Horas depois e terminado de fazer todos os exames, foi constatado um tumor no cérebro de Luiz, uma espécie de tumor degenerativo do sistema auditivo, que estava em uma forma avançada e espalhado por todo lado esquerdo de sua cabeça, porém havia cura.
Ele ainda estava de repouso e sem saber de nada, ela não acreditava no que ouvia e agora sentia muito medo de perder seu único amor.
Em prantos, chamou um velho amigo de infância para confortá-la. Marcelo, seu melhor amigo da época de escola e um porto seguro nessas horas, que preocupado disse que estava a caminho o mais rápido possível.
Gabi, sentia que podia perder mais uma pessoa importante na sua vida, senão a mais importante. Seu mundo estava desabando.






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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Memórias de um romance sem lembranças - Parte III


Duas semanas se passaram desde a noite inesquecível no Arpoador, os dois se viam com regularidade, se ligavam todos os dias, às vezes de madrugada, mensagens pelo celular eram de uma em uma hora. Tinham um relacionamento sadio e único.
Ele comprara uma lente de contato, cortara o cabelo, mudou o visual totalmente e ela finalmente estava encantada com um homem que valesse a pena.
Todo final de semana faziam programas diferentes, todas as amigas dela se apaixonaram por aquele garoto engraçado e ingênuo. Num jantar que teve da empresa, Luiz, que agora tinha o apelido de Fernandão, a levou e fez o maior sucesso. Ninguém acreditava no que via, um ex nerd lesado, com uma gata daquela, aquele cara realmente era o Cara. Com a fama de garanhão, bem dotado, agora ele se sentia completo. Não pela fama e o respeito de todos, mas porque finalmente se sentia desejado e importante para alguém.
Era um casal apaixonante, aquele tipo de casal que todos torciam para dar certo, pois eram ótimas companhias até mesmo para os amigos solteiros, já os casados tiravam como exemplo pára suas relações, aquela agradável dupla dinâmica.
Contudo, ainda não tinham feito sexo e Gabi já subia pelas paredes esperando que ele tomasse as rédeas, vendo que não ia acontecer, tomou coragem e foi para cima.
Marcou um jantar a dois em sua casa, por conselho das amigas. Resolveu fazer uma massa básica com um belo vinho para acompanhar e de sobremesa, mais uma dica das experientes conselheiras, algo que ajudasse na hora dos vamos ver, um delicioso bolo de cannabis, que diziam ser tiro e queda. Pegou a receita e partiu para preparar o jantar para seu homem.
Lá pelas seis da tarde, ele chegou. Todo arrumadinho, calça rasgada em um tom bem rebelde dos anos oitenta, blusa estilosa, sapatinhos de boliche, barba por fazer, era um novo homem que ali se via.
Numa das mãos trazia um vaso de orquídea branca, que ele fez questão de entregar para ela lendo um cartão com uma poesia que havia escrito. Sem ver nada decorado, a mesa nem arrumada estava, achou que tivesse chegado cedo ou que tinha desistido do tal jantar. Após colocar o vaso na mesa, ela o chamou para subir para o terraço, lá em cima ficou boquiaberto, havia uma grande estufa de vidro e dentro a iluminação das centenas de velas destacavam as cores das plantas e flores que ali tinham. Rosas vermelhas, azuis e brancas, haviam também bromélias, violetas e orquídeas que se entrelaçavam na entrada formando um grande arco, o caminho até a mesa do jantar era feito por milhares de pétalas de rosas. Ele não sabia o que falar daquela produção hollywoodiana, nunca alguém havia feito algo tão lindo pra ele, sentia-se um idiota por ter levado uma simples, pequena e humilde orquídea.
O jantar foi ótimo, pois apesar de não saber cozinhar bem, fez o básico e foi elogiada muitas vezes. O vinho, o havia deixado meio tonto, risonho e falando frases soltas sem sentido, não era muito de beber, na verdade nunca tinha tomado um porre na vida. No momento em que uma das musicas tocava, ele a chamou para dançar, contudo dançar nunca foi o forte dela, mas topou mesmo assim. Ela apoiou os pés sobre os dele, que a carregava e conduzia com leveza e carinho.
Olharam-se de maneira terna como se estivessem flutuando dentro daquela casa envidraçada e ninguém mais poderia fazer mal a um deles. Os belos olhos negros dela o faziam mergulhar em seus pensamentos e sentir todo aquele amor que o confortava e fazia seu coração pulsar de forma intensa. Havia descoberto a mulher da sua vida e estava loucamente apaixonado por ela.
O melhor ainda estava por vir, a tal sobremesa afrodisíaca. Ele sem saber de nada e com vontade de comer aquele belo bolo, devorou sozinho sete pedaços, quanto mais comia mais vontade de comer dava e ela olhando, morrendo de curiosidade de saber se ia mesmo funcionar a técnica.
Lá pelo décimo primeiro pedaço as plantas começaram a se mexer, algumas delas até puxavam assunto e outras morriam de rir dele. Nervoso e pensando estar louco, começou a se desesperar, ela sem saber o que fazer o abraçava pedindo calma, mas de nada adiantava. A sua voz estava distorcida e lenta, ele não sabia o que estava acontecendo, começou a pensar que o vinho poderia estar estragado.
Ela o explicou o que se passava, mas só piorou, porque para um cara que nunca havia tomado um porre na vida, ficar doidão de maconha era loucura demais. Porém com o passar do tempo, tudo parecia ficar mais engraçado e ele já estava até respondendo as flores, tava curtindo o seu momento. O momento mais louco de toda sua vidinha medíocre.


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terça-feira, 17 de novembro de 2009

Memórias de um romance sem lembranças - Parte II


O dia ia chegando ao fim, depois de horas de conversa, resolveram ir a um lugar mais tranqüilo para ficarem a sós. Ela deu pediu para que escolher o local, tinha algo em mente, contudo tinha que ser surpresa até chegar e ele ainda perplexo com a criatura que tinha descoberto tava topando tudo, estava em suas mãos.
No caminho comprovou que além de uma mulher linda, com um corpo talhado de forma divina, engraçada e de personalidade forte, era também uma motorista de fuga de presídio, pois dirigia de forma louca e agressiva, costurava os carros, xingava os pedestres e muitas vezes conversava olhando para ele e esquecendo a direção. Ele mesmo tendo tomado seu café como o médico aconselhara, estava com ânsias de vomito e o ataque de tremedeiras estava num estagio avançado, tinha certeza que ia enfartar dentro daquele chevette setenta e cinco.
Ao estacionar o carro, Gabi pediu pra que ele tampasse os olhos e confiasse nela, sem titubear fechou os olhos, antes explicou que era só tirar os óculos que daria no mesmo, porém ela mesmo assim preferiu tampar seus olhos. Com os mesmos vendados, subiu uma espécie de ladeira ou pedra, chegando ao topo finalmente pode abri-los, porém não adiantou muito, porque mesmo assim nada conseguia ver, só após colocar seu telescópio facial. Nunca tinha visto algo tão belo, estava no alto das pedras do Arpoador e como vista o pôr do sol mais lindo da sua vida, na verdade o primeiro que havia parado pra ver em toda ela.
A brisa e a maresia acariciavam seu rosto, emocionado e sem palavras, sentia-se livre como as gaivotas que por ali sobrevoavam. Ela o abraçou pelas costas, com a cabeça apoiada sobre seus ombros, sua respiração suave e confortadora ao pé do ouvido o excitava. Aplicando um leve impulso para que ele se sentasse, começou a beijar seu pescoço e ao passar delicadamente seus grossos lábios em sua nuca, fez-se um arrepio em todo corpo. Com o clima esquentando a cada descida do sol sob os Dois Irmãos e o bater das ondas nas pedras, os dois finalmente tocaram seus lábios, algo mágico acontecia.
Ela o tinha nas mãos, o ingênuo garoto mal sabia o que fazia, apesar de ser mais velho, era ela que tinha experiência de sobra e o conduzia como numa dança. Suas mãos suavam de nervosismo, ele tremia. Afinal, nunca esteve com uma mulher tão linda ao lado, na verdade nunca tinha estado com uma mulher de verdade, em toda sua vida conheceu mulheres pela internet e possuiu as mais desejadas atrizes das novelas, em sua fértil imaginação ao banheiro, nos seus momentos de solidão.
A noite havia chegado e com ela o crepúsculo lunar, deitados se olhando fixamente, como que lendo a alma uma do outro e tentando decifrá-la.
Ele sem muitas malícias, alisava-a o rosto, com um sorriso de criança no natal. Ela apenas deixava as coisas acontecerem, se espantando com aquele franzino rapaz que só a admirava, pela primeira vez não queria só transar com ela, queria conhecê-la, escutar e entender. Passaram a noite toda juntos, sob a sentinela das milhares de estrelas que contemplavam aquele conto de fadas contemporâneo.


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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Memórias de um romance sem lembranças - Parte I


Despertador toca e a velha mania de mais cinco minutinhos de sono para poder despertar de verdade. Ao levantar, recomendado pelo médico, vai direto a cozinha preparar algo para comer, pois sempre que não comia pelas manhãs tinha ânsias de vomito e ataques de tremedeiras. Ao termino do café, escova seus dentes, sempre com sessenta e cinco escovadas, depois o inseparável fio dental, para só então o flúor, tudo cronometrado para não se atrasar. Um banho de cinco minutos sempre era o suficiente, se arrumava sem delongas para só então seguir seu caminho ao ponto de ônibus, tinha condições para um carro, porém seu psiquiatra o aconselhara a meios públicos para melhor relação e interação com as pessoas.
Um dia comum, mais um da intensa rotina e correria que era a vida de Luiz Fernando. Homem trabalhador, sem ambições e com uma vida que muitos taxavam de sem graça, mas isso até aquele dia que parecia ser igual a todos os antecessores.
No trabalho o de costume, esporros e mais esporros de seu tirânico chefe, era o motivo de chacota dos amigos e ainda por cima tinha uma namorada, que conhecera por um bate-papo na internet, mas nunca havia se encontrado, nem visto pessoalmente.
Nossa história começa no horário do almoço, pois foi nesse intervalo, que resolveu fazer algo diferente, algo novo, algo que quebrasse aquela monotonia. Partiu em direção ao restaurante japonês que sempre teve vontade de conhecer, mesmo não sendo um grande apreciador da culinária nipônica.
Chegando à porta, bateu aquele nervosismo, excitação, afinal era a primeira vez em anos que não iria comer na cantina da empresa. Estava decidido a tentar o inédito e logo se acomodou numa mesa pedindo o cardápio, a cada prato uma certeza, nunca tinha ouvido falar naqueles estranhos nomes e se espantou ao ver que cone era mesmo um cone cheio de comida.
Pediu um combinado, sete sushis, um creme viscoso e uma espécie de grama sintética comestível. Para não parecer leigo, começou pela tal grama, afinal num almoço se começa pela salada, passava o matinho estranho no creme viscoso e comia, contudo o raio do creme era pior que pimenta, os olhos lacrimejavam, ele evitando fazer careta para não chamar a atenção, mesmo com sua boca pegando fogo. Todavia já era tarde, pois ouvia risadas e mais risadas de algum babaca sem ter o que fazer.
Indignado, olhou discretamente para todos os lados, quando viu o malandro, ou malandra, pois naquele momento avistou a coisa mais linda que Deus havia lhe apresentado. Uma bela dama, com um sorriso largo e espontâneo, parecia enfeitiçado por aquele ser e sem notar olhava fixamente para ela com a cara mais bocó possível, sem disfarçar.
A moça diminuía as gargalhadas, notara que o comico rapaz a encarava sério, sem piscar ou demonstrando qualquer expressão facial. Sem graça cumprimentou-o com um singelo aceno, mas ele parecia paralisado. Ao pigarrear seguidas vezes conseguiu trazer de volta a consciência do homem estranho, que sem saber o que dizer ou fazer diante daquela constrangedora situação, a chamou para almoçar juntos. Ela interessada, aceitou o convite e o cobriu com simpatia e personalidade.
Luiz, pela primeira vez na vida havia se apaixonado, aquela mulher desinibida, cheia de histórias e experiências que ele achava ser só possível em filmes. As horas passavam, mas ele não cansava de ouvir aquela linda mulher, desligou o celular para ninguém atrapalhar aquele momento único em sua vida.
Ela que gostava de falar, ficou encantada com o jeitinho inocente e puro com que a olhava, a atenção que ele dava e a cada volta do ponteiro se sentia mais especial diante daquele nerd com seus oito graus e meio em cada olho e uma lupa no lugar das lentes dos óculos.


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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Jogo Perverso




O mundo estava pegando fogo
Ninguém poderia me salvar, exceto você
Estranho, o que o desejo faz as pessoas tolas fazerem
Eu nunca sonhei que eu conheceria alguém como você
E eu nunca sonhei que eu precisaria de alguém como você


Não, eu não quero me apaixonar
(este mundo vai apenas partir seu coração)
Por você

Que jogo perverso você joga
Para fazer eu me sentir assim!
Deixar eu sonhar com você
Que coisa perversa de dizer!
Que você nunca se sentiu assim
Que coisa perversa de se fazer!
Fazer eu sonhar com você

Não, eu não quero me apaixonar
(este mundo vai apenas partir seu coração)

O mundo estava pegando fogo
Ninguém poderia me salvar, exceto você
Estranho o que o desejo faz as pessoas tolas fazerem
Eu nunca sonhei que eu amaria alguém como você
E eu nunca sonhei que eu perderia alguém como você

Não, eu não quero me apaixonar
(este mundo vai apenas partir seu coração)
Por você
(esta garota vai apenas partir seu coração)

Não eu... (esta garota vai apenas partir seu coração)


Ninguém ama ninguém.






Tradução da música Wicked Game - Chris Isaac

Preste atenção


Preferes a duvida a certeza, o fútil a felicidade,
Ao amor puro e intenso regado a vinho, a algo controlável e banal
Um dia já fostes minha e hoje me tratas com indiferença
Preferes arriscar num novo erro a tentar aquilo que ficou pelo caminho
Intimidade, carinho, companheirismo e afinidade
Trocados pelo o quê coração? Há algo melhor?
Excitação? Somos anjos de uma asa só.
Para voar e sermos felizes temos de voar abraçados
Chega de dar murros em ponta de faca, segure minha mão
Os momentos de burrices e tentativas idiotas já estão acabados
O tempo é justo e quando eu oferecer o pouco muito que tenho,
Só não diga: - Não!


Gabriel Hildebrand

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Até que a mudança os separe...


O tempo passa rápido, tão rápido que nem percebemos. Foi ontem que bati na sua porta perguntando se tinha açúcar, com minha cabeça de adolescente “american pie” possuidora de uma poderosa imaginação fértil. Seis anos se passaram e como poderia imaginar que dali sairia uma amizade tão intensa e verdadeira.
Muita coisa vivemos juntos, nossas conversas de horas no corredor, nossos filmes a noite em que um sempre dormia primeiro e o outro ficava lá assistindo e fazendo cafunés até o filme terminar. As idas ao extra, fazendo merdas e mais merdas lá dentro, como a corrida de carrinhos pra deficientes, cuja tua missão era se fingir de manca pra obter o veículo. Porém não dávamos só prejuízos ao coitado do mercado, comprávamos sorvetes e muita calda de chocolate e fazíamos nossos famosos sundaes. Nossas sociais, com pizzas caseiras, guerrinhas de presunto e muita farra.
Dias estranhos também faziam parte da nossa rotina, quando numa bela noite, você se fantasiou de homem e eu de mulher, que na verdade parecia uma traveca muito da bizarra. Andamos por todo o prédio tirando mil fotos que graças a deus nunca apareceram.
O aniversário da tua mãe, no qual fizemos a festa surpresa com cartazes e um festival inesquecível de piadas. No Hard Rock foi onde nos divertimos mais, dançando, enchendo o rabo de refrigerante e depois ficávamos com nossas imbecis brincadeiras pessoais com os alheios, morrendo de rir com algo que só nós entendíamos.
Era a alegria do prédio quando você com as outras meninas iam pra piscina, porém quando chegavam às meninas mais velhas, os olhos da puberdade se esqueciam das ninfetas de cinco minutos antes, coisa de meninos.
Crescemos, amaduremos e os namoros vinham com essa mesma evolução, à separação momentânea era inevitável, contudo continuávamos nossas conversas, só que agora mais sérias pelo menos, sérias para nós.
Tudo tem o seu fim, os das nossas relações foram sincronizados e quando esse fim chega, geralmente machuca e nos faz sofrer. Conosco não foi diferente, a cena no sofá, com os dois chorando e comendo docinhos que sobraram de um casamento, ainda está fresca em minhas memórias.
O engraçado é que em todo esse tempo nunca brigamos ou discutimos algo sério, pelo contrário, sempre ajudávamos e nos amparávamos um no outro nos momentos mais difíceis. Do oitavo andar, pra ser minha vizinha, minha amiga, minha companheira, meu anjo da guarda, uma guardiã que cuida de um bêbado no meio da tarde, dando pão com ovo. Bota-o pra dormir no seu aniversário, pra que ele não faça besteiras saindo com os amigos, a única que conhece todas minhas artimanhas e falcatruas desse maluco.
Nunca consegui mentir para você, vai ver por isso nossa amizade seja tão sincera, não há nem mentirinhas de educação, é tudo na lata, doa a quem doer, isso é algo raro, muito raro mesmo numa amizade.
Todavia, não foi só você que cuidou de mim não, tive meus momentos de protetor também. Como no dia que você ficou bêbada chorando dentro da boate e eu como um príncipe ou sapo encantado, lhe tirei do meio daquele povo e a confortei. Além de sapo encantado, também fui professor de skate, de violão e de outras habilidades que possuo e tento repassar a você, que é lerdinha, mas torço pra que um dia aprenda.
Nossas tentativas gastronômicas que apesar das caras ruins, eram gostosos, até dávamos nomes a eles, aliás, não há melhor parceira na cozinha que você.
Poderia fazer uma poesia sobre você, seria até mais bonito, porém não conseguiria mostrar o que vivemos juntos com nossas aventuras e histórias. Você sabe que se tornou uma das pessoas mais importantes pra mim, confio demais em você e sei que a recíproca é verdadeira.
A proposta de casamento ainda está de pé, mas para isso você ainda precisa ser mais sexy e selvagem. Também melhorar no gosto pra escolher seus casos, pois até nisso somos parecidos, o nosso famoso dedo podre. Tirando esses detalhes, seria a mulher mais perfeita do mundo, até porque tem os mesmos gostos do que eu. Em quase tudo, já que meu estilo não te agrada tanto assim.
Esse texto é pouco pra resumir o que sinto por você e o que eu ainda tenho pra te dizer, contudo acho que deu pra ter uma idéia de como passamos tantas coisas, que por ora passam despercebidas.
Obrigado por existir na minha vida, agüentar minhas loucuras e por muitas vezes embarcar comigo nelas, por me confortar com seus tímidos e gostosos cafunés.
Obrigado minha Suvanir, nariguda, Bubuca, parceira, amiga leal. A minha Bruninha tanto amo e admiro.




Gabriel Hildenbrand

Codinome Beija-Flor


Pra que mentir

Fingir que perdoou

Tentar ficar amigos sem rancor

A emoção acabou

Que coincidência é o amor

A nossa música nunca mais tocou...
Pra que usar de tanta educação

Pra destilar terceiras intenções

Desperdiçando o meu mel

Devagarzinho, flor em flor

Entre os meus inimigos, beija-flor
Eu protegi o teu nome por amor

Em um codinome, Beija-flor

Não responda nunca, meu amor

Pra qualquer um na rua, Beija-flor
Que só eu que podia

Dentro da tua orelha fria

Dizer segredos de liquidificador
Você sonhava acordada

Um jeito de não sentir dor

Prendia o choro e aguava o bom do amor

Prendia o choro e aguava o bom do amor




Letra da música Codinome Beija-Flor - Cazuza

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Grandes Mulheres...


Madeixas d’ouro do ocaso do grande e poderoso farol,
Sobressaindo o verde das calmas águas oceânicas.
És a beleza vibrante e pura do pôr do sol.

Corpo hefaístico, forjado no fogo de quem se ama,
Talhado e feito aos moldes da deusa do amor.
És a veemência e ousadia dentro de uma dama.

Não se engane com seu jeito melindroso e pacato
És feroz, bravia, chama intensa e quente.
Não a entristeça, reveja se vale a pena tal ato.
És justa aos que ama e ajuda incondicionalmente.

És a única que consegues provocar calor no frio
Sensual com seu jeito meigo de menina mulher
Amiga, companheira, confidente de ombro macio
Inteligente e sábia, sabe usar seu poder quando quer.


Olhar profundo e selvagem, como de uma leoa
Muitas tentam copiar, contudo é a mais bela
Tenho imenso orgulho de lhe chamar de patroa
E agradeço por conhecer um ser tão apaixonante
Como só tu és minha terrível e linda Marcela.


Gabriel Hildenbrand

Hermanos Way Love


Cara valente de máscara negra.
Cara estranho e pouco carinhoso.
Quero liberdade, mas não sem ter você

Numa manhã da janela da minha casa pré-fabricada,
Avistei a flor, num horizonte distante
De onde vem à calma com o ritmo da chuva.

Os pássaros emitiam tanto amor nos cantos,
Que em onze dias fiz minha despedida.
Partindo em busca de ser feliz, de ter alguém pra mim.
Fui além do que se vê, sem achar esse outro alguém.

Cara valente de máscara negra
Cara estranho e pouco carinhoso
Quase sem querer fiz a descoberta da minha primavera.

Tenha dó, pois viver tão sozinho é de lagrima
Lágrimas sofridas eram tantas que fez-se mar
O vento guiava, sentia o mundo aos meus pés

Naveguei na maresia com dois barcos velhos e acabados
Em um, só meu coração, ou o pouco que sobrou dele,
No outro o resto de mim, com dúvidas e traumas.
Deixa estar, do jeito que vou, encontrarei meu amor.

Cara valente de máscara negra
Cara estranho e pouco carinhoso
Quando eu digo que somos dois em um, creia.

Num sábado morto, mais uma santa chuva
Minhas esperanças de lhe ter já se extinguiam
Contudo a vi numa alta rocha, única e soberba.

Não sabia seu nome, mas pouco me importou,
Podia ser Aline, Carol, Melissa, Gabriela,
Anna Julia, Bárbara ou até mesmo Lisbela.
Minha felicidade ressurgia com aquela linda flor.

Cara valente de máscara negra
Cara estranho e pouco carinhoso
Ainda é cedo pra um bom dia, pois todo carnaval tem seu fim.

Comecei numa conversa de botas batidas
Puxei assunto, pra falar de amor em seguida
Proferi o amor de Romeu e Julieta, para ver se cola

Finalmente tinha achado a outra parte que me faltava
Consegui convencê-la a vir comigo asseverando:
-Veja bem meu bem, vou tirar você desse lugar, vambora!
Colhi minha bela flor e trouxe comigo na volta pra casa.

Cara valente agora sem máscara
Cara estranho que aprendeu a dar carinho
Não mais um Pierrot, chega de fingir na hora de rir.

Hoje sentimental, o coração voltava a bater
Era um sapato novo, como todo começo de relação
Sobre o tempo amaciado se torna perfeito, mas cômodo demais

O tesão foi-se com os ocasos e virou um amor sem paixão.
Uma vida medíocre como à de alguém na condicional
Torce pra noite não vir, pois sabe o que te espera em casa
Um troço seco e aguado, não a comida e sim o amado

Cara covarde de máscara negra
Amor estranho e sem carinho
Minha vida era um cinema mudo, chata à palo seco.

Apaixonou-se pelo primeiro e sétimo andar
Escolhe o velho e o moço pra se deitar
Eu fecho os olhos, como criança com raiva de quem sabe

Afinal procurei aquela flor, logo eu era o erro
Do lado de dentro nem ciúme eu sentia
Preferia ter do meu lado minha Morena
Que voltar a aquela vida cheias de problemas

Um cara, apenas um cara.
Adeus você, minha flor, pois assim será
Cansei de me magoar e se fiz o mesmo me perdoa
Sabemos que não somos mais um par

Permitimos nossa afeição se evaporar
Nossa vida agora geométrica, como esquadros
Sem harmonia para mais uma canção
Que venha o inverno e deixa o verão

Você sempre será meu ultimo romance.
Como a fênix, sei que um dia vamos voltar
E assim poderei dizer a minha bela flor:
- Sofri, chorei, lutei, quase perdi, porém o mundo dá voltas.
No final me juntei a ti, conquistando teu amor. Fui o vencedor.




Gabriel Hildenbrand

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A auto-significação de uns vocábulos pra ti .


Conhecer.
Conheci você da maneira mais despretensiosa e jamais me arrependi de elogiar aquele teu lindo vestido.
Gostar.
Logo de primeira gostei da sua personalidade forte e sua inteligência, com um humor leve, sorriso grande e cativante.
Conversar.
Nossas conversas de horas e cada vez mais próximos ficávamos.
Encantar
Teu beijo me encantou de tal jeito, que procuro até hoje em outros lábios os teus.
Querer.
Quero-te bem, mas quero mesmo é ter você ao meu lado.
Encontrar.
Você sabe aonde se encontra a felicidade, mas prefere andar num caminho contrário, fique a favor do vento e pegue minha mão.
Ir.
Você foi embora da minha vida, morro de saudades da sua pele e do seu carinho.
Voltar.
Sei que um dia você vai voltar, mas não demore meu amor.
Amar.
Aquela cabana em Búzios, eu pescando e você na rede me olhando, rindo das minhas loucuras e vendo que finalmente aprendeu o significado do único verbo que até então era um mistério, simples e curto, contudo passamos a vida a procurar. Amo-te.


Gabriel Hildenbrand

sábado, 31 de outubro de 2009

Na sua estante



Te vejo errando e isso não é pecado,
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar
Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar ao menos mande notícias
Cê acha que eu sou louco
Mas tudo vai se encaixar

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelho e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres e outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam

E essa abstinência uma hora vai passar...


Letra da Música "Na sua estante", Pitty

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Uma sábia aula.




Nada pode mudar a sua própria essência. Sua natureza.
A água pode virar gelo, vapor, porém sempre será o mesmo H2O.
O barro pode ser lama e com ela podemos fazer lindos jarros, mas é barro e isso não muda.
Pode estar decorado, pintado, folheado a ouro, mas tem a mesma origem da lama que sujamos o pé e limpamos na grama.
Podemos melhorar alguns defeitos, mas nunca mudar nossa natureza. É de nós. Um homem ciumento, com gostos diferentes, possessivo, louco e machista, jamais irá virar um gentleman.


Tá na hora de aprendermos isso.










Gabriel Hildenbrand

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Sing can, Cansei.


Um moço malvisto
Esnobe e muito arisco
Interesse previsto
Repete-se o disco
Sentimentos mistos
Beleza em rabisco
Nunca tinha visto
Sabia e corri o risco
E acabou dando nisto
Você de namorisco
Com o neo-anticristo
Grudento como marisco
Um perfeito acefalocisto
Começou num chuvisco
Isso que chamas de imprevisto
Hoje eu a tudo confisco
Por você transformar disto
Um falso e fino chapisco
Que impede nosso benquisto
Deixo-te um grande asterisco:
-Seja feliz, pois de você, eu desisto.



Gabriel Hildebrand

"Numa moldura clara e simples sou aquilo que se vê..."


Você é uma pintura de cores fortes e quentes,

Com traços brutos e pinceladas bruscas.

Uma arte abstrata, pois além de ser lindo,

Magnético, quase que vivo e real.

Ficamos horas e horas olhando,

Tentando entender e decifrar.





Gabriel Hildenbrand

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Uma tragédia grega com felizes para sempre.


O que seria o dia perfeito na vida de um homem? Bom, acho que falo por quase todos quando digo que seria aquele dia em que tudo desse certo, transasse por horas com aquela gostosa, recebesse uma bela massagem, ver o time do coração meter uma goleada no rival e ainda de quebra comer e repetir o prato favorito até se empanturrar, para logo após da aquela cochilada, que é quase uma hibernação.
Ferdinando, um moleque gente fina, estiloso, flertado por mil meninas e no auge de seus vinte anos tinha esses dias como rotina, foi quando conheceu a mulher que mudou sua vida. Gabryelle com ipisilon, a garota mais popular e desejada da escola, um corpão: Alta, cabelos negros, olhos indianos, boca à La Jolie, quadril desenhado, coxas grossas e uma bunda, que fez muito marmanjo aumentar uns dez minutos em cada banho, pelo menos. Seu nome era homenagem a personagem favorita de seu pai, a inseparável parceira de Xena, que por sinal ele não perdia um capítulo, uma princesa guerreira e sexy, dando porrada em vários homens metrosexuais bombados, da pra entender o gosto do Seu Ricardo.
Mas voltemos ao núcleo de nossa história. Nando, apelido de infância de Ferdinando, tinha já pego quase todas as gurias do ensino médio, menos uma, pois Gabryelle era difícil, com seu corpo superior aos das demais, se destacava e só saia com rapazes bem mais velhos que ela. Contudo isso não desanimava nosso herói Malhação, porque se por uma lado ele nunca tinha pego ela, por outro também nunca tinha dado idéia, logo tinha um cheque em branco em mãos.
Faltava mesmo era a oportunidade, mas por enquanto, pois era só questão de tempo e esperar o momento certo pra atacar aquela ninfeta maravilhosa. Não deu outra, marcada a choppada de formatura do terceiro ano, advinha quem ia vender os ingressos? Ele mesmo. Sem perder tempo, foi à sala de Gabryelle divulgar a festa, com fala de malandro, gírias descoladas e um jeito que deixava as meninas loucas, um fanfarrão de carteira assinada. Terminando seu discurso, os ingressos foram quase todos vendidos e ele ainda conseguiu vender para sua deusa grega.
Estava tudo certo, choppada divulgada, ingressos quase esgotados e a mulher mais gostosa da escola certíssima de ir. Entretanto, como tudo na vida, a sempre uma pequena falha em seu plano, pois Nando teria que viajar pra região dos lagos, visitar seu pai e só poderia voltar um dia antes da festa. Foi o fim de semana mais longo de sua vida, sem televisão, internet, vídeo game, celular sem crédito e ainda por cima com o velho deprimido. O jeito era apelar pras tarefas caseiras e inúteis, como varrer as folhas do quintal em pleno outono, catá-las na piscina e malhar um pouco. No ultimo dia naquela prisão, recebeu uma ligação inesperada. Era ela, a própria Gabryelle com ipisilon, ele não acreditava no que ouvia, aquela voz excitante, melhor que as das mulheres do tele-sexo que todo mês faziam sua conta vir um absurdo, tamanho eram as vezes que ele ligava. Ela na verdade tinha descoberto o numero dele com uma amiga e tinha ligado pra confirmar o horário e saber se ele realmente ia. Nandão ficou louco na hora, confirmou o horário com aquela voz de ator pornô de filme de quinta, misturado com algum figurante do filme “Cidade de Deus”, apenas dizendo:
- É nós, só não pode faltar tu gatinha...
Ele só ouviu aquela risadinha despretensiosa e em seguida ela desligou. Animado era pouco para Nando, ele na hora resolveu ir malhar, na tentativa de ficar inchadinho pra amanhã. No fim do dia, tinha malhado o corpo todo, costas, peito, bíceps, tríceps e muita abdominal, na verdade fez cinco séries de duzentas, pra ficar rasgadão pra sua mina.
A passagem tava comprada para as quatro da matina, não queria perder tempo mais naquela oca, o quanto antes saísse de lá melhor. Foi dormir às nove, pra acordar bem quando fosse pegar o ônibus, mas a noite era uma criança e lá pelas uma da madrugada, um grito lhe acorda. Assustado, foi ao local de onde surgiu tal grunhido, se deparando com sua irmã toda ensangüentada, chorando e bêbada. Ela dizia ter acabado de chegar de uma festa e ao tentar entrar de fininho, escorregou caindo com o nariz, na quina da mesa de jantar. Era o que faltava, iria viajar em menos de duas horas e tinha que cuidar de uma bêbada suicida. Quando finalmente conseguiu encostar a cabeça no travesseiro, toca o despertador, ele se arruma zonzo de sono e vai para a rodoviária.
Chegando lá, o ônibus lotado, o seu assento era ao lado de uma mulher que parecia ter engolido o estepe do ônibus, respirou fundo e partiu em sua jornada. Duas horas de meia de viagem, a desgraçada da gorda além de espreme-lo, quase o jogando no corredor do ônibus, ainda roncava alto. O ônibus parou em Niterói, de lá ele pegou uma barca de volta ao Rio e se deparou com uma das cenas mais lindas de sua vida, o nascer do sol em meio a Baia de Guanabara. Momento de rara beleza, que mesmo zonzo de sono, com o abdômen extremamente dolorido, fez sua esperança voltar.
A choppada começaria à uma da tarde, já eram onze da manhã e Nando tinha acabado de chegar em casa, mas não poderia nunca deixar de ir, sua deusa grega, gostosa, linda, aquele tesão estaria lá e era sua chance. Tomou um banho pra acordar e saiu sem comer mesmo, pois já estava atrasado.
Na festa, o colégio todo em peso, desde o primeiro ano até o terceiro, popular entre os meninos, Nando mal chegou e foi ovacionado pelos amigos, que já lhe deram uma caneca de chopp. Porém o objetivo ainda não havia sido avistado, Gabryelle poderia ter furado, depois de todos os sacrifícios? Foi que derrepente ela apareceu, apavorantemente gata, com um vestidinho terrível de curto e as coxas todas malhadas.
Não pensou duas vezes e foi lá falar com ela, trocou uma idéia, elogiou o vestido dela e ainda pegou uma caneca de chopp só pra ela. Em menos de vinte minutos conseguiu o desejado, beijou-a de tal forma que parecia que ia engoli-la, com vontade mesmo, a levou pra uma área isolada e apimentou as coisas.
Mão aqui, mão acolá e ele se realizando com aquela mulher maravilhosa, bendito Seu Ricardo, pôs uma deusa daquela no mundo. Foi então que ela abriu sua braguilha e começou a acariciar seu membro. Nando tava todo ouriçado, cada pêlo do seu corpo estava em pé, a agarrou, levantou seu vestido, tirou sua calcinha e...
Broxou!!! Ele não sabia o que fazer. A mulher mais gostosa da escola, nua em sua frente e ele ali com aquela Maria mole na mão, fechava os olhos na tentativa de se excitar, mas só via sua irmã bêbada ensangüentada chorando com aquele nariz cheio de catarro e sangue.
Achou que pudesse ser a posição, pediu pra menina mudar e só acabou piorando, pois a menina escorregou, caiu no chão e ainda quebrou o braço na queda.
Os gritos da guria chamaram a atenção de toda a festa, que ia em direção a eles, na pressa de sair daquele lugar, puxou rapidamente a braguilha, que passou por cima de seus testículos e prendendo-os.
Gabryelle foi para o hospital na mesma ambulância que ele, o pai dela, Seu Ricardo, quase o matou mesmo no quarto da enfermaria. O garoto mais popular e invejado da escola ganhou o apelido de Nando Seis e Meia e nunca mais conseguiu outra menina. Todavia algo de bom aconteceu nesta tragédia, Nando por obrigação de Seu Ricardo, noivou com Gabryelle e até hoje são casados. O membro dele, ficou curvado para a esquerda, seqüela daquele acidente horrível. Mas se perguntarem a ele qual foi o dia mais feliz de sua vida, a resposta imediata é o dia em que broxou e de uma forma estranha, encontrou o amor da sua vida.
Deus escreve certo, por linhas tortas, ou membros também.



Gabriel Hildenbrand

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Peróla Alva


A boca delicada de Jocasta

Nariz de rara beleza como o de Cleopatra

Olhos ciganos e profundos de Capitu

Cabelos negros e esvoaçantes de Calipso

E um corpo escultural que até Vênus cobiçaria ter.


Num conjunto, em que as mais perfeitas

Obras primas da literatura, se reunem em um só ser.

O nome Peróla Alva, ratifica ainda mais

Sua beleza estonteante.



Não sou um trágico rei como Édipo,

Bravo e temido como Julio César,

Engenhoso como Ulisses,

Apaixonado e cego como Bento,

Muito menos poderoso como Vulcano,

Para ser digno de seu amor.


Contudo sei que sou um guardião,

Cuja árdua tarefa é proteger

Para sempre essa lívida e delicada pérola.

De nome, Maysa.


Gabriel Hildenbrand

El Tango de Roxanne


Roxanne
Você não tem que colocar a luz vermelha
Caminhar pelas ruas por dinheiro
Você não se importa se é errado ou se é certo

Roxanne
Você não precisa usar aquele vestido esta noite

Roxanne
Você não tem que vender seu corpo para a noite
Os olhos dele em seu rosto
As mãos dele nas suas
Os lábios dele acariciando sua pele
É mais do que eu posso suportar
Roxanne
Por que meu coração chora?

Roxanne
Sentimentos contra os quais eu não posso lutar
Você é livre para me deixar, mas apenas não me iluda
E por favor acredite quando eu digo que "Eu te amo"
Y yo que te quiero tanto, ¿Qué voy a hacer?
Me dejaste
Me dejaste
Con un montón de dolor
El alma se me fue
Se me fue el corazón
Ya no tengo ganas de vivir
Porque no te puedo convencer
Que no te vendas Roxanne.


Tradução de "El Tango de Roxanne" - Moulin Rouge.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O Homem invisível


Despercebido, no meio da multidão, pelo menos para ela. Porém há pouco tempo era com ele que dormia, dividia frustrações, confessava seus segredos, se entregava.
Cara simples, bem apanhado, inteligente e de certa condição, bom partido era o que se ouvia quando seu nome mencionado.
Tinha a conhecido numa festa de amigos em comum, ele mais velho que ela, mas na aparência ninguém dizia. De fala fácil, sedutor e muito simpático, em pouco tempo já tinha a atenção dela, era como se mais ninguém existisse naquela festa, olhos fixos e muitas risadas. Ela parecia ter outra relação, e ele recém separado também estava bastante inseguro à arte de paquerar. Todavia ele com muita conversa e persuasão, conseguiu o esperado beijo. Diferentemente das outras mulheres que ele havia conquistado essa o chamou atenção, pois realmente parecia se importar com o que ele dizia, era esperta, de riso grande e delicado, contraste com seus lábios. Naquele dia a festa acabou, os convidados sumiram. Só haviam eles dois com suas historias e a sede de se conhecerem cada vez mais. Aqueles belos olhos, grandes e que mesmo sem palavras, diziam tudo o que ele queria ouvir.
Trocaram telefones e ao partirem pra suas casas, um foi com o outro na mente. Afinal nunca tinham conhecido um ser tão interessante, engraçado e que conseguisse o que jamais ninguém conseguiria. Dormiram tendo certeza que aquela noite tinha sido especial, mas não a ultima.
Começaram se ligando, conversas de horas e que cada vez mais se achavam parecidos, com histórias semelhantes e pensamentos idênticos. Cartas eram quase que semanais, era uma eterna fonte de afinidade. Mas ela tinha outro compromisso e não poderia nunca se relacionar com outra pessoa, mesmo sabendo que era ele quem lhe traria felicidade. Passaram-se três anos, ainda se falavam, até com mais freqüência, ela casou-se com sua antiga relação e ele também seguiu seu caminho, dormiu com varias mulheres e tinha uma vida, que qualquer homem invejaria.
O tempo passou e o casamento acabou, a esperança voltou e se ascendeu de novo aquela velha chama que o tempo teimava em abafar. Marcaram encontros, se divertiam juntos, tinham além de amizade, muita atração um pelo outro, contudo foi só no seu aniversário que voltaram, uma noite mais que mágica, ele sem esperança de tê-la novamente e ela com milhões de duvidas, mas naquele momento, em que riscavam o salão com seus movimentos quentes e sensuais, um beijo surgiu e o mundo parou pra ver, era algo que se espalhava por todos, aquele fogo, aquela paixão e realmente relembraram o episodio de três anos antes, porque eram os únicos naquela pista de dança.
Ele por vários motivos teve que partir, logo no momento em que mais esperou na vida, teve que ir para outro país, resolver assuntos de trabalho. Ela que agora também reconhecia o homem maravilhoso que havia encontrado e todos os dias lhe mandava cartas e mais cartas, com saudades daquelas conversas gostosas e de seu senso de humor afiado. Após longos meses, ele retornou e ela louca de vontade de vê-lo, no mesmo dia foi ao seu encontro, um dia inesquecível, primeiras intimidades, confissões até então desconhecidas, trapalhadas, danças, um dia que nenhum dos dois esquecerá.
Ali começava uma relação perfeita, faziam programas únicos, diferentes, mas que se divertiam sozinhos como poucos. Poucos mesmo eram os que entendiam o que realmente eles tinham, mas não importava, vendo que só eles mesmos sabiam. Ele feliz, encantado, achava que finalmente tinha achado a mulher que tanto procurou, ela tão feliz quanto, pois tinha certeza de ter achado aquele que a entendia e compreendia, porém como tudo que é bom e único, despertaram inveja até mesmo dos mais próximos, e muitos resolveram acabar com aquela felicidade incomodante.
Interferiram-se, deram seus palpites, tentavam fazer daquela relação tão bela se parecer com a deles. A hipocrisia rondava os dois de tal forma, que os alheios venceram e eles se separaram. Ela voltou com o ex-marido, ele a antiga vida de bebidas e mulheres. Dessa vez não iria ficar tanto tempo com o ex, pois meses depois o largou. Percebera o homem chato e monótono que ele era. Algum tempo depois, começou a sair com um homem de seu trabalho, por algum motivo se encantou por ele e em pouquíssimo tempo havia se casado de novo. Ele decepcionado com a atitude da pessoa em que achava conhecer tão bem, se afastou e o clima tinha mudado, se estranharam por um longo período.
Com as voltas do ponteiro do relógio via que não ia ser feliz sem sua mulher, sem sua presença e seu carinho. Procurou e voltou com muitos receios a falar com ela, hoje preferem esquecer o que aconteceu, cada um com seus próprios motivos. Ela pra seguir feliz com seu novo amor e ele pra tentar esquecer que um dia conheceu uma mulher tão fantástica. Se tornou um Homem invisível, pois ela não o procura mais como antes, mas sabe que ele sempre está ali, pra ajudá-la, protegê-la e cuidar. Sua fortaleza, seu porto seguro e a quem ela conhece e confia. A pergunta que vem em nossas mentes é que, se eles se gostam tanto, por que não ficam juntos? O medo de ter algo que nos deixe fora de nós mesmos. Pois como se parecem, se identificam tanto, são muito racionais e juntos faziam coisas que contrariavam o que eles queriam.
Um Homem, uma Mulher e dois destinos, que parecem cada vez mais paralelos. Ambos sabem que o que viveram foi intenso, único e que jamais irão apagar de suas memórias. Um conto de fadas à La Shrek, um ogro, gordo, feio, que mora num pântano, conhece uma linda princesa que no fundo era igual a ele, mas é o príncipe encantado à quem ela fica prometida, um ser baixo e totalmente diferente dela, que mais que tudo se importa com sua beleza superficial, pouco ligando pra aquela mulher maravilhosa que há por dentro.
O final, o famoso final feliz, parece distante e improvável. Contudo a vida prega peças e um ditado resume as particularidades desse romance conturbado:
-“Não haveriam borboletas, se a vida não passasse por longas e silenciosas metamorfoses...”
Gabriel Hildenbrand

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O amore autour de world...


Andando fui por vários lugares,
De leste a oeste e de norte ao sul.
Procurando paz e novos ares
Na imensidão deste globo azul.
Tentei arrumar novos pares,
Mas sinônimo de ser feliz, és tu.

No caminho conheci diversas raparigas:
Engraçadas, lindas, confusas, de fé,
Loucas, apaixonantes e amigas.
Todas com tudo que um homem quer,
Umas Amélia, outras de matinais brigas.
Mas nenhuma igual a ti, Mulher.

Você fugiu e sumiu do meu alcance.
Lembro do cheiro de alfazema,
De seu corpo, em dias de romance.
Achou que o amor era o problema,
Mas peço que de mais uma chance
De te fazer feliz, minha linda Morena.

Todavia a minha ronda, não foi em vão
A cada moça com que me deitava
Percebia que só tu, és minha inspiração.
Sabiam da tal mulher que me encantava,
Contudo tentavam tira-la do meu coração.
Sem êxito partiram, o que sentia aumentava
E todas nossas lendas, conhecidas agora estão,
Pois por todo mundo, em várias línguas, cantava:



"I've had women

Of all the colors

Various ages

Many loves

With an even

One time

I Prá only other

Gave me a little ...

J'ai eu des femmes

Les caractères gras

Narrow type

Type d'expérience

Marié pauvres

Simple heureux

J'ai eu de jeune fille

Même putain ...


Las mujeres encabezan

Y desequilibrado

Mujer confundida

Guerra y paz

Pero ninguno

Se me hizo tan feliz

¿Cómo me haces ...


Provato

In tutte le donne

Felicità

Ma non ho trovato

E mi mancava in

Si stava facendo bene

Ma tutto ha una fine ...


Você é

O sol da minha vida

A minha vontade

Você não é mentira

Você é verdade

É tudo o que um dia

Eu sonhei prá mim..."




Gabriel Hildenbrand



quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Infortúnio Destino


De todas as espécies de animais, com toda certeza a mais fiel é o pingüim. Há espécies de pinguins cujos pares reprodutores acasalam para toda a vida, eles mantém a mesma parceira até os seus ultimos dias e caso um dos dois morra ou fique doente, o parceiro é capaz de adoecer ou até morrer junto. Mas não para por ai, o pinguim tambem é a espécie entre todos os animais, que tem o maior numero de rituais para o acasalamento, em um deles o macho pra conquistar a femea, procura em todo litoral a pedra mais bem polida e bonita. Quando achada a tal pedra, ele vai até a femea e a deixa aos seus pés, como um presente, uma aliança.
Após o acasalamento, a fêmea põe um único ovo, mas quem cuida é o macho, a fêmea vai atrás de alimento e ele o mantém aquecido com o calor do seu corpo. Acho que não é só na natureza dos pingüins que a fêmea tem tamanho “poder”. Saindo um pouco do momento Discovery Channel, vemos que algo tão fácil pra um animal irracional, chega parecer impossível aos nossos olhos. Raríssimas são as relações que se mantém por toda a vida e mais raro ainda é a fidelidade entre os seres humanos. Somos tão infiéis, mas tão infiéis que às vezes traímos a nós próprios, nos contradizemos. Logo, nunca diga nunca, pois o nunca sempre acontece um dia. Traímos por carência, aventura, uma tentativa de fuga da monotonia, não que não amemos nossos companheiros e pessoas próximas, mas é da nossa natureza. Se não consumamos o ato, pelo menos pensamos, desejamos, sonhamos e por não ter feito presumimos que estamos isentos de culpa, como se só o ato fosse o crime, porém desejar, desejar é permitido, porque ninguém pode julgar seus pensamentos, a não ser Deus, mas esse ai é camarada e guarda bem segredos, pelo menos até o nosso julgamento.
Mas e quando não temos a sorte dos pingüins, ou seja, podemos até achar nosso companheiro pra toda vida, entretanto por motivos do turvo destino, não podemos ficar juntos. Como se Deus nos fizesse aos pares, contudo nunca poderíamos ficar perto um do outro por muito tempo, pois seria autodestrutivo para ambos. E por amar incondicionalmente, preferimos manter distancia e deixar nosso amor partir e ser feliz sem você, mesmo sabendo que a verdadeira felicidade seja ao seu lado. Como semideuses que tem seus poderes divinos separados, mas juntos se tornam meros mortais e enfraquecidos pelo amor. Injusto? Pode até ser, todavia isso mostra como o amor é complexo, visto que por amar deixamos nossa felicidade de lado pelo bem do ser amado, e esse é o verdadeiro amor, é o bem querer.
É nesse curto espaço de tempo em que você está ao lado desta pessoa, que consegue acumular eternas lembranças, poucas é verdade, mas que causam imensas saudades. Como o protagonista desta crônica, desengoçado, estabanado, engraçado com seu jeitinho de andar em que mal consegue se manter em pé. Momentos mágicos ao lado do nosso pingüim, que dentro d’água se transforma, com sua destreza e movimentos de pura leveza, nos deixando encantados com os mesmos.
Quando tiver esse temeroso destino, não se apavore apenas curta o máximo que puder ao lado de quem se ama, aproveite cada minuto e faça valer à pena. E se realmente tiver que acontecer ela irá voltar, porque mesmo que tal pessoa seja proibida pra você, que tudo dê errado. Não desista. Aguarde o seu momento e como na musica, se pergunte:
- Se não eu? Quem vai fazer você feliz?



Gabriel Hildenbrand

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Grandes Mulheres...




Fogo de chama


Elegante,


Rústica e quente como teus lábios.


Nua e lisa como suas coxas.


Atrevida


Ninfa de cabelos negros e olhos hipnóticos


Desejos brotam em minha mente causando,


Anarquia em meus sentidos.




Um resumo de uma mulher, da Mulher. Um resumo do que é ser Fernanda.




Gabriel Hildenbrand

O auto dos baixos de minha vida.


Na bruma da noite, tomada pelo vinho
Contando pilhérias no bar para amigas
Amigas do ofício que fiz pelo caminho
Caminho infeliz de dar frio na barriga
Fazia o de sempre com trapos de linho
O meio de vida mais antigo, o de rapariga.


Rapariga não o era sonho de quem me pariu
Apesar de quase sempre por força do costume
Em ensejo raivoso mal dizê-la de forma hostil
Logo a aquela que do leite guardo o perfume
Perfume da linda dama que de maneira sutil
Fez-me ver o que há por atrás do alto tapume.


Agora que já sabem um pouco da minha vida
Sem mais delongas e atrasos conto o romance
Romance em que vivi da forma mais bandida
Naquele em que a vitima só tem uma chance
Ou escolhe a rotina ou a felicidade perseguida
No caso escolhi uma e terminei com outro lance.


Rapaz rico, bonito, que só andava elegante
Bom partido eu sei que era, só vendo o terno
Blusa de seda e botões de marfim de elefante
Além de tudo aparentava ser um sábio moderno
Freguês não era quem sabe talvez um amante.
De rosto másculo viril e com jeito bem paterno.


Com uma turba de canalhas e cortesãs
O conto de fadas veio em minha direção
Com o olhar perturbador de um titã
Acalmou-me logo com o estender de sua mão
Falou-me pra encontrá-lo bem de manhã
Ia me levar embora daquela vida de cão.


Em alguns meses já estava casada
Levando uma vida que ainda não reclamo
Todo dia o esperava da nossa sacada
E lá vinha ele, sempre com um belo ramo
O tempo passou e de linda virei recalcada
Seu nome raro é às vezes quando chamo
Pois trabalho até as mãos ficarem calejadas
Refiro-me a ele sempre como o grande amo
Pois agora não sou esposa e sim criada
Será que o amo é o que realmente eu amo?
Ou amo mesmo é essa vida privilegiada?
Fui puta, mas agora só em uma cama me esparramo.


Apanhava todos os dias, e tinha que ser muda
-Se abrir o bico, marco toda sua cara!
Era o que eu ouvia, quando pedia ajuda
Beijos, carinho e abraços era coisa rara
Ao invés disso eram socos e fortes bicudas
Não tinha filhos, porque ele jamais topara
Dizia que não queria ter uma criança nojenta e carnuda.


Cansei e numa das noites, minha vida resolveria
Armei-me de um punhal esperando o pior
Quando deu meia noite, seu passo se ouvia
Estava imundo e bêbado, porém veio só
Sem testemunhas e no silencio do escuro eu agiria
Dei sete golpes em suas costas de dar dó
Ele caiu morto na hora e só sangue era o que via.


O vizinho preocupado, a polícia chamou
Paralisada eu estava, olhando seu rosto
O silencio acabara, pois a sirene soou
Meu rendimento de longe foi proposto
Se naquele momento você acha que minha vida acabou
Engana-se neste argumento pressuposto
Pois me libertei, feliz finalmente estou


Chega de xingamento, mentira e ofensa
A dor se foi e minha alma respirava
Curei-me desta horrível doença
O auto-falante de fora gritava
Sabia que se saísse teria uma severa sentença.
Uma idéia surgiu enquanto a multidão se juntava


Com a mesma lamina, acariciei meu pescoço.
Um filme passava em minha cabeça
As lembranças daquele bonito moço
Que dizia amar a menina travessa
Minha vista escurecia e escutava um alvoroço
Pessoas que viram este conto as avessas
Em que fui por amor ao fundo do poço
A vida que eu queria de condessa
Na verdade só houve o esboço.


Uma mensagem a todos eu passo
Jamais chores pela pessoa que não te merece.
Há amores que te levam ao fracasso
Lágrimas derramadas, nunca se esquecem
Seu jeito e sua beleza distinta
Nunca devem receber menosprezo
Se tiver que um dia sentir, sinta!
Viva sua historia, sem ter medo como peso
Errei e erraria dez vezes ou trinta
Tive minha vida tragada em orgulho e desprezo
Agora que leu a historia que contei
Se perguntarem se fui feliz, não minta.
Só diga que no fundo, eu tentei.



Gabriel Hildenbrand

O problema da moça de Ipanema.


Garota de Ipanema é a segunda música mais tocada no mundo. Só perde pra Yesterday, dos Beatles. Em princípio isso parece motivo de festa. “Tom e Vinicius fizeram um bem danado para o Brasil”. Concordo, mas não para os cariocas.
Nesse sucesso estrondoso que nascia o inferno do Rio de Janeiro: a marra das cariocas. É claro, a menina sabe que a sua fama de monumento foi parar até em Omsk e Dudinka. Normal. Elas se enchem de orgulho e auto-estima. E tome gatinha dando toco em homem que é dez vezes superior aos que ela ‘pega’.
Foi por causa do doce balanço a caminho do mar que viajamos inúmeras vezes pra Minas, Santa Catarina e etc. Por um lado é bom, porque que os cariocas passam a conhecer mais o país e até o próprio Rio. Incluindo aí os seus espaços mais sórdidos: Via Show, Excentric, Buxixo, “Mariozinho” ou até mesmo as sociais com mulheres do Méier. Tem o primo de um amigo meu que já foi mais de cinco vezes à Coqueluxe. Mas não vem não, que seu namorado também já foi lá.
Todas as cariocas acham que têm um pouco de Helô Pinheiro, tem que ter nariz em pé. Porém quando chega ao Terêfantasy, carnaval em Salvador, entre outros, “PÓDE”. Pagou pedágio libera geral. Só na zona sul e barra que têm que manter a pose.
Qual a motivação do carioca? É o jogo fora de casa. Que bonito ver a bola rolando assim... Sem barreira, sem defesa, sem falta. E é nessa hora que vc deve agradecer pela segunda música mais tocada no mundo. Ao deixar os cariocas prontos pras cariocas, deixou o carioca pronto para o mundo.
Viva as cariocas que não se encaixam nesse perfil, e viva a folia do Brasil a fora!

Grandes Mulheres...




Melodía bella melodía y poesía lírica


Afilado de mi deseo, el placer


Y desorientador mis pensamientos.


Su verso único es suficiente para encantar a mí


Amistad, amor, la confianza, son temas de esta música simple de una palabra.




Ahora veo que la palabra dulce,


Única y rara que es sinónimo de la belleza divina


Sabiamente se puso en mi camino con un propósito.


Unificar la manera que me siento, aprender a amar,


Buscando la verdadera felicidad


Oracle no es necesario que me digas la traducción de la armonía, que con una sola palabra cambió mi mundo, mi vida.








Maysa, gracias por hacerme un hombre. Te amo. Ausubo.




Gabriel Hildenbrand