quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Memórias de um romance sem lembranças - Parte III


Duas semanas se passaram desde a noite inesquecível no Arpoador, os dois se viam com regularidade, se ligavam todos os dias, às vezes de madrugada, mensagens pelo celular eram de uma em uma hora. Tinham um relacionamento sadio e único.
Ele comprara uma lente de contato, cortara o cabelo, mudou o visual totalmente e ela finalmente estava encantada com um homem que valesse a pena.
Todo final de semana faziam programas diferentes, todas as amigas dela se apaixonaram por aquele garoto engraçado e ingênuo. Num jantar que teve da empresa, Luiz, que agora tinha o apelido de Fernandão, a levou e fez o maior sucesso. Ninguém acreditava no que via, um ex nerd lesado, com uma gata daquela, aquele cara realmente era o Cara. Com a fama de garanhão, bem dotado, agora ele se sentia completo. Não pela fama e o respeito de todos, mas porque finalmente se sentia desejado e importante para alguém.
Era um casal apaixonante, aquele tipo de casal que todos torciam para dar certo, pois eram ótimas companhias até mesmo para os amigos solteiros, já os casados tiravam como exemplo pára suas relações, aquela agradável dupla dinâmica.
Contudo, ainda não tinham feito sexo e Gabi já subia pelas paredes esperando que ele tomasse as rédeas, vendo que não ia acontecer, tomou coragem e foi para cima.
Marcou um jantar a dois em sua casa, por conselho das amigas. Resolveu fazer uma massa básica com um belo vinho para acompanhar e de sobremesa, mais uma dica das experientes conselheiras, algo que ajudasse na hora dos vamos ver, um delicioso bolo de cannabis, que diziam ser tiro e queda. Pegou a receita e partiu para preparar o jantar para seu homem.
Lá pelas seis da tarde, ele chegou. Todo arrumadinho, calça rasgada em um tom bem rebelde dos anos oitenta, blusa estilosa, sapatinhos de boliche, barba por fazer, era um novo homem que ali se via.
Numa das mãos trazia um vaso de orquídea branca, que ele fez questão de entregar para ela lendo um cartão com uma poesia que havia escrito. Sem ver nada decorado, a mesa nem arrumada estava, achou que tivesse chegado cedo ou que tinha desistido do tal jantar. Após colocar o vaso na mesa, ela o chamou para subir para o terraço, lá em cima ficou boquiaberto, havia uma grande estufa de vidro e dentro a iluminação das centenas de velas destacavam as cores das plantas e flores que ali tinham. Rosas vermelhas, azuis e brancas, haviam também bromélias, violetas e orquídeas que se entrelaçavam na entrada formando um grande arco, o caminho até a mesa do jantar era feito por milhares de pétalas de rosas. Ele não sabia o que falar daquela produção hollywoodiana, nunca alguém havia feito algo tão lindo pra ele, sentia-se um idiota por ter levado uma simples, pequena e humilde orquídea.
O jantar foi ótimo, pois apesar de não saber cozinhar bem, fez o básico e foi elogiada muitas vezes. O vinho, o havia deixado meio tonto, risonho e falando frases soltas sem sentido, não era muito de beber, na verdade nunca tinha tomado um porre na vida. No momento em que uma das musicas tocava, ele a chamou para dançar, contudo dançar nunca foi o forte dela, mas topou mesmo assim. Ela apoiou os pés sobre os dele, que a carregava e conduzia com leveza e carinho.
Olharam-se de maneira terna como se estivessem flutuando dentro daquela casa envidraçada e ninguém mais poderia fazer mal a um deles. Os belos olhos negros dela o faziam mergulhar em seus pensamentos e sentir todo aquele amor que o confortava e fazia seu coração pulsar de forma intensa. Havia descoberto a mulher da sua vida e estava loucamente apaixonado por ela.
O melhor ainda estava por vir, a tal sobremesa afrodisíaca. Ele sem saber de nada e com vontade de comer aquele belo bolo, devorou sozinho sete pedaços, quanto mais comia mais vontade de comer dava e ela olhando, morrendo de curiosidade de saber se ia mesmo funcionar a técnica.
Lá pelo décimo primeiro pedaço as plantas começaram a se mexer, algumas delas até puxavam assunto e outras morriam de rir dele. Nervoso e pensando estar louco, começou a se desesperar, ela sem saber o que fazer o abraçava pedindo calma, mas de nada adiantava. A sua voz estava distorcida e lenta, ele não sabia o que estava acontecendo, começou a pensar que o vinho poderia estar estragado.
Ela o explicou o que se passava, mas só piorou, porque para um cara que nunca havia tomado um porre na vida, ficar doidão de maconha era loucura demais. Porém com o passar do tempo, tudo parecia ficar mais engraçado e ele já estava até respondendo as flores, tava curtindo o seu momento. O momento mais louco de toda sua vidinha medíocre.


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Um comentário:

  1. e ai cade o resto da historia?!?!?1 ele se atira do predio, ou finalmente eles vao transar?! heuheuheuhuhe

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