terça-feira, 24 de novembro de 2009

Memórias de um romance sem lembranças - Parte IV







A noite seguia e agora conversavam deitados num colchão com diversas almofadas e cercado de pétalas de rosas de variadas cores.
Ela contava seus problemas familiares, como a morte de seus pais e por não ter nenhum parente próximo. O que era algo em comum com ele, que nunca havia conhecido os seus e tinha sido criado pelo casal de padrinhos gays. A história dos dois era tão parecida que as vezes parecia ser a mesma e isso fazia o casal se identificar e compreender as suas frustrações, sabendo que outra pessoa também pensava de maneira igual.
No rádio anunciava a sessão da madrugada com os maiores sucessos do rei Roberto Carlos, riram de forma descontrolada, agora não pelo efeito da cannabis e sim pelas situações hilárias que aconteciam naquela noite. O silêncio tomou conta após as risadas, se encararam de forma fascinante, como o de costume, sem jeito e extremamente nervoso, ele ficava estático. Já ela começava a acariciar seu pálido rosto, sentindo sua barba e desejando seu corpo naquele momento.
O clima finalmente havia chegado, uma troca de carinhos, mãos deslizando, lendo e sentindo cada parte do corpo do outro. Com mãos trêmulas, como as de um menino, ele começava a abrir o seu vestido. Ela por sinal, beijava seu pescoço, enquanto puxava levemente seus cabelos, vendo que ele não conseguia de jeito nenhum se livrar do complicado sutiã, o tirou sozinha.
Pegou umas das suas suadas mãos e botou em seu seio, mais trêmulo que antes, tocava levemente com a ponta dos dedos seus seios, quase sem tocá-los.
Deitou no colchão, ela beijando todo seu corpo e tirando suas roupas bem lentamente, foi quando ele a interrompeu, com os olhos vermelhos e cheios de lágrimas.
Assustada sem saber o que tinha feito de errado, perguntou se o havia machucado. Luiz, ainda nervoso e com uma cara envergonhada a explicou que era virgem e que ele poderia fazer feio, logo se ela quisesse desistir ele entenderia. Vendo o choro do seu amor, ela o olhou de forma meiga e retornou a beijá-lo, agora tinha mais certeza do que nunca sobre o que sentia por aquele homem.
Foi o sexo mais mágico em toda sua vida, era muito mais que só uma transa, finalmente tinha entendido o sentindo da expressão “fazer amor”. O dia amanhecia e com ele os sussurros ao pé do ouvido, os corpos encharcados de suor. Suor, que pingava nas suas costas, aumentando ainda mais a intensa excitação do momento e tudo regado ao som do rei na rádio.
Depois de algumas horas, nus, ofegantes e completamente suados; finalmente pegaram no sono, com uma só certeza, nenhum sonho seria melhor do que aquele que viviam.
Ao acordar, Gabi se deparou com uma bandeja de café da manhã, que ele havia feito e a aguardava despertar, sentado e contemplando a mulher mais linda que já havia conhecido. Num leve sorriso, se acomodou para comer o café preparado com carinho, com frutas cortadas em diversas formas, desde animais de melancia a corações de mamão. Segurava o riso com medo de ofendê-lo, porém tinha achado linda à atitude do simpático ex virgem. Após o fofo café, foram tomar um banho juntos.
Brincadeiras, caricias, beijos, até que Luiz sentiu sua cabeça girar, caindo no chão do box inconsciente. Ela desesperada tentava acordá-lo, ao passar a mão em sua cabeça, notara que seu ouvido sangrava de forma intensa, sem conseguir levantá-lo, correu para ligar para a emergência. Partiu com ele na ambulância, aflita segurava firme sua mão e chorava de forma desolada.
Horas depois e terminado de fazer todos os exames, foi constatado um tumor no cérebro de Luiz, uma espécie de tumor degenerativo do sistema auditivo, que estava em uma forma avançada e espalhado por todo lado esquerdo de sua cabeça, porém havia cura.
Ele ainda estava de repouso e sem saber de nada, ela não acreditava no que ouvia e agora sentia muito medo de perder seu único amor.
Em prantos, chamou um velho amigo de infância para confortá-la. Marcelo, seu melhor amigo da época de escola e um porto seguro nessas horas, que preocupado disse que estava a caminho o mais rápido possível.
Gabi, sentia que podia perder mais uma pessoa importante na sua vida, senão a mais importante. Seu mundo estava desabando.






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