terça-feira, 24 de novembro de 2009

Memórias de um romance sem lembranças - Parte IV







A noite seguia e agora conversavam deitados num colchão com diversas almofadas e cercado de pétalas de rosas de variadas cores.
Ela contava seus problemas familiares, como a morte de seus pais e por não ter nenhum parente próximo. O que era algo em comum com ele, que nunca havia conhecido os seus e tinha sido criado pelo casal de padrinhos gays. A história dos dois era tão parecida que as vezes parecia ser a mesma e isso fazia o casal se identificar e compreender as suas frustrações, sabendo que outra pessoa também pensava de maneira igual.
No rádio anunciava a sessão da madrugada com os maiores sucessos do rei Roberto Carlos, riram de forma descontrolada, agora não pelo efeito da cannabis e sim pelas situações hilárias que aconteciam naquela noite. O silêncio tomou conta após as risadas, se encararam de forma fascinante, como o de costume, sem jeito e extremamente nervoso, ele ficava estático. Já ela começava a acariciar seu pálido rosto, sentindo sua barba e desejando seu corpo naquele momento.
O clima finalmente havia chegado, uma troca de carinhos, mãos deslizando, lendo e sentindo cada parte do corpo do outro. Com mãos trêmulas, como as de um menino, ele começava a abrir o seu vestido. Ela por sinal, beijava seu pescoço, enquanto puxava levemente seus cabelos, vendo que ele não conseguia de jeito nenhum se livrar do complicado sutiã, o tirou sozinha.
Pegou umas das suas suadas mãos e botou em seu seio, mais trêmulo que antes, tocava levemente com a ponta dos dedos seus seios, quase sem tocá-los.
Deitou no colchão, ela beijando todo seu corpo e tirando suas roupas bem lentamente, foi quando ele a interrompeu, com os olhos vermelhos e cheios de lágrimas.
Assustada sem saber o que tinha feito de errado, perguntou se o havia machucado. Luiz, ainda nervoso e com uma cara envergonhada a explicou que era virgem e que ele poderia fazer feio, logo se ela quisesse desistir ele entenderia. Vendo o choro do seu amor, ela o olhou de forma meiga e retornou a beijá-lo, agora tinha mais certeza do que nunca sobre o que sentia por aquele homem.
Foi o sexo mais mágico em toda sua vida, era muito mais que só uma transa, finalmente tinha entendido o sentindo da expressão “fazer amor”. O dia amanhecia e com ele os sussurros ao pé do ouvido, os corpos encharcados de suor. Suor, que pingava nas suas costas, aumentando ainda mais a intensa excitação do momento e tudo regado ao som do rei na rádio.
Depois de algumas horas, nus, ofegantes e completamente suados; finalmente pegaram no sono, com uma só certeza, nenhum sonho seria melhor do que aquele que viviam.
Ao acordar, Gabi se deparou com uma bandeja de café da manhã, que ele havia feito e a aguardava despertar, sentado e contemplando a mulher mais linda que já havia conhecido. Num leve sorriso, se acomodou para comer o café preparado com carinho, com frutas cortadas em diversas formas, desde animais de melancia a corações de mamão. Segurava o riso com medo de ofendê-lo, porém tinha achado linda à atitude do simpático ex virgem. Após o fofo café, foram tomar um banho juntos.
Brincadeiras, caricias, beijos, até que Luiz sentiu sua cabeça girar, caindo no chão do box inconsciente. Ela desesperada tentava acordá-lo, ao passar a mão em sua cabeça, notara que seu ouvido sangrava de forma intensa, sem conseguir levantá-lo, correu para ligar para a emergência. Partiu com ele na ambulância, aflita segurava firme sua mão e chorava de forma desolada.
Horas depois e terminado de fazer todos os exames, foi constatado um tumor no cérebro de Luiz, uma espécie de tumor degenerativo do sistema auditivo, que estava em uma forma avançada e espalhado por todo lado esquerdo de sua cabeça, porém havia cura.
Ele ainda estava de repouso e sem saber de nada, ela não acreditava no que ouvia e agora sentia muito medo de perder seu único amor.
Em prantos, chamou um velho amigo de infância para confortá-la. Marcelo, seu melhor amigo da época de escola e um porto seguro nessas horas, que preocupado disse que estava a caminho o mais rápido possível.
Gabi, sentia que podia perder mais uma pessoa importante na sua vida, senão a mais importante. Seu mundo estava desabando.






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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Memórias de um romance sem lembranças - Parte III


Duas semanas se passaram desde a noite inesquecível no Arpoador, os dois se viam com regularidade, se ligavam todos os dias, às vezes de madrugada, mensagens pelo celular eram de uma em uma hora. Tinham um relacionamento sadio e único.
Ele comprara uma lente de contato, cortara o cabelo, mudou o visual totalmente e ela finalmente estava encantada com um homem que valesse a pena.
Todo final de semana faziam programas diferentes, todas as amigas dela se apaixonaram por aquele garoto engraçado e ingênuo. Num jantar que teve da empresa, Luiz, que agora tinha o apelido de Fernandão, a levou e fez o maior sucesso. Ninguém acreditava no que via, um ex nerd lesado, com uma gata daquela, aquele cara realmente era o Cara. Com a fama de garanhão, bem dotado, agora ele se sentia completo. Não pela fama e o respeito de todos, mas porque finalmente se sentia desejado e importante para alguém.
Era um casal apaixonante, aquele tipo de casal que todos torciam para dar certo, pois eram ótimas companhias até mesmo para os amigos solteiros, já os casados tiravam como exemplo pára suas relações, aquela agradável dupla dinâmica.
Contudo, ainda não tinham feito sexo e Gabi já subia pelas paredes esperando que ele tomasse as rédeas, vendo que não ia acontecer, tomou coragem e foi para cima.
Marcou um jantar a dois em sua casa, por conselho das amigas. Resolveu fazer uma massa básica com um belo vinho para acompanhar e de sobremesa, mais uma dica das experientes conselheiras, algo que ajudasse na hora dos vamos ver, um delicioso bolo de cannabis, que diziam ser tiro e queda. Pegou a receita e partiu para preparar o jantar para seu homem.
Lá pelas seis da tarde, ele chegou. Todo arrumadinho, calça rasgada em um tom bem rebelde dos anos oitenta, blusa estilosa, sapatinhos de boliche, barba por fazer, era um novo homem que ali se via.
Numa das mãos trazia um vaso de orquídea branca, que ele fez questão de entregar para ela lendo um cartão com uma poesia que havia escrito. Sem ver nada decorado, a mesa nem arrumada estava, achou que tivesse chegado cedo ou que tinha desistido do tal jantar. Após colocar o vaso na mesa, ela o chamou para subir para o terraço, lá em cima ficou boquiaberto, havia uma grande estufa de vidro e dentro a iluminação das centenas de velas destacavam as cores das plantas e flores que ali tinham. Rosas vermelhas, azuis e brancas, haviam também bromélias, violetas e orquídeas que se entrelaçavam na entrada formando um grande arco, o caminho até a mesa do jantar era feito por milhares de pétalas de rosas. Ele não sabia o que falar daquela produção hollywoodiana, nunca alguém havia feito algo tão lindo pra ele, sentia-se um idiota por ter levado uma simples, pequena e humilde orquídea.
O jantar foi ótimo, pois apesar de não saber cozinhar bem, fez o básico e foi elogiada muitas vezes. O vinho, o havia deixado meio tonto, risonho e falando frases soltas sem sentido, não era muito de beber, na verdade nunca tinha tomado um porre na vida. No momento em que uma das musicas tocava, ele a chamou para dançar, contudo dançar nunca foi o forte dela, mas topou mesmo assim. Ela apoiou os pés sobre os dele, que a carregava e conduzia com leveza e carinho.
Olharam-se de maneira terna como se estivessem flutuando dentro daquela casa envidraçada e ninguém mais poderia fazer mal a um deles. Os belos olhos negros dela o faziam mergulhar em seus pensamentos e sentir todo aquele amor que o confortava e fazia seu coração pulsar de forma intensa. Havia descoberto a mulher da sua vida e estava loucamente apaixonado por ela.
O melhor ainda estava por vir, a tal sobremesa afrodisíaca. Ele sem saber de nada e com vontade de comer aquele belo bolo, devorou sozinho sete pedaços, quanto mais comia mais vontade de comer dava e ela olhando, morrendo de curiosidade de saber se ia mesmo funcionar a técnica.
Lá pelo décimo primeiro pedaço as plantas começaram a se mexer, algumas delas até puxavam assunto e outras morriam de rir dele. Nervoso e pensando estar louco, começou a se desesperar, ela sem saber o que fazer o abraçava pedindo calma, mas de nada adiantava. A sua voz estava distorcida e lenta, ele não sabia o que estava acontecendo, começou a pensar que o vinho poderia estar estragado.
Ela o explicou o que se passava, mas só piorou, porque para um cara que nunca havia tomado um porre na vida, ficar doidão de maconha era loucura demais. Porém com o passar do tempo, tudo parecia ficar mais engraçado e ele já estava até respondendo as flores, tava curtindo o seu momento. O momento mais louco de toda sua vidinha medíocre.


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terça-feira, 17 de novembro de 2009

Memórias de um romance sem lembranças - Parte II


O dia ia chegando ao fim, depois de horas de conversa, resolveram ir a um lugar mais tranqüilo para ficarem a sós. Ela deu pediu para que escolher o local, tinha algo em mente, contudo tinha que ser surpresa até chegar e ele ainda perplexo com a criatura que tinha descoberto tava topando tudo, estava em suas mãos.
No caminho comprovou que além de uma mulher linda, com um corpo talhado de forma divina, engraçada e de personalidade forte, era também uma motorista de fuga de presídio, pois dirigia de forma louca e agressiva, costurava os carros, xingava os pedestres e muitas vezes conversava olhando para ele e esquecendo a direção. Ele mesmo tendo tomado seu café como o médico aconselhara, estava com ânsias de vomito e o ataque de tremedeiras estava num estagio avançado, tinha certeza que ia enfartar dentro daquele chevette setenta e cinco.
Ao estacionar o carro, Gabi pediu pra que ele tampasse os olhos e confiasse nela, sem titubear fechou os olhos, antes explicou que era só tirar os óculos que daria no mesmo, porém ela mesmo assim preferiu tampar seus olhos. Com os mesmos vendados, subiu uma espécie de ladeira ou pedra, chegando ao topo finalmente pode abri-los, porém não adiantou muito, porque mesmo assim nada conseguia ver, só após colocar seu telescópio facial. Nunca tinha visto algo tão belo, estava no alto das pedras do Arpoador e como vista o pôr do sol mais lindo da sua vida, na verdade o primeiro que havia parado pra ver em toda ela.
A brisa e a maresia acariciavam seu rosto, emocionado e sem palavras, sentia-se livre como as gaivotas que por ali sobrevoavam. Ela o abraçou pelas costas, com a cabeça apoiada sobre seus ombros, sua respiração suave e confortadora ao pé do ouvido o excitava. Aplicando um leve impulso para que ele se sentasse, começou a beijar seu pescoço e ao passar delicadamente seus grossos lábios em sua nuca, fez-se um arrepio em todo corpo. Com o clima esquentando a cada descida do sol sob os Dois Irmãos e o bater das ondas nas pedras, os dois finalmente tocaram seus lábios, algo mágico acontecia.
Ela o tinha nas mãos, o ingênuo garoto mal sabia o que fazia, apesar de ser mais velho, era ela que tinha experiência de sobra e o conduzia como numa dança. Suas mãos suavam de nervosismo, ele tremia. Afinal, nunca esteve com uma mulher tão linda ao lado, na verdade nunca tinha estado com uma mulher de verdade, em toda sua vida conheceu mulheres pela internet e possuiu as mais desejadas atrizes das novelas, em sua fértil imaginação ao banheiro, nos seus momentos de solidão.
A noite havia chegado e com ela o crepúsculo lunar, deitados se olhando fixamente, como que lendo a alma uma do outro e tentando decifrá-la.
Ele sem muitas malícias, alisava-a o rosto, com um sorriso de criança no natal. Ela apenas deixava as coisas acontecerem, se espantando com aquele franzino rapaz que só a admirava, pela primeira vez não queria só transar com ela, queria conhecê-la, escutar e entender. Passaram a noite toda juntos, sob a sentinela das milhares de estrelas que contemplavam aquele conto de fadas contemporâneo.


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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Memórias de um romance sem lembranças - Parte I


Despertador toca e a velha mania de mais cinco minutinhos de sono para poder despertar de verdade. Ao levantar, recomendado pelo médico, vai direto a cozinha preparar algo para comer, pois sempre que não comia pelas manhãs tinha ânsias de vomito e ataques de tremedeiras. Ao termino do café, escova seus dentes, sempre com sessenta e cinco escovadas, depois o inseparável fio dental, para só então o flúor, tudo cronometrado para não se atrasar. Um banho de cinco minutos sempre era o suficiente, se arrumava sem delongas para só então seguir seu caminho ao ponto de ônibus, tinha condições para um carro, porém seu psiquiatra o aconselhara a meios públicos para melhor relação e interação com as pessoas.
Um dia comum, mais um da intensa rotina e correria que era a vida de Luiz Fernando. Homem trabalhador, sem ambições e com uma vida que muitos taxavam de sem graça, mas isso até aquele dia que parecia ser igual a todos os antecessores.
No trabalho o de costume, esporros e mais esporros de seu tirânico chefe, era o motivo de chacota dos amigos e ainda por cima tinha uma namorada, que conhecera por um bate-papo na internet, mas nunca havia se encontrado, nem visto pessoalmente.
Nossa história começa no horário do almoço, pois foi nesse intervalo, que resolveu fazer algo diferente, algo novo, algo que quebrasse aquela monotonia. Partiu em direção ao restaurante japonês que sempre teve vontade de conhecer, mesmo não sendo um grande apreciador da culinária nipônica.
Chegando à porta, bateu aquele nervosismo, excitação, afinal era a primeira vez em anos que não iria comer na cantina da empresa. Estava decidido a tentar o inédito e logo se acomodou numa mesa pedindo o cardápio, a cada prato uma certeza, nunca tinha ouvido falar naqueles estranhos nomes e se espantou ao ver que cone era mesmo um cone cheio de comida.
Pediu um combinado, sete sushis, um creme viscoso e uma espécie de grama sintética comestível. Para não parecer leigo, começou pela tal grama, afinal num almoço se começa pela salada, passava o matinho estranho no creme viscoso e comia, contudo o raio do creme era pior que pimenta, os olhos lacrimejavam, ele evitando fazer careta para não chamar a atenção, mesmo com sua boca pegando fogo. Todavia já era tarde, pois ouvia risadas e mais risadas de algum babaca sem ter o que fazer.
Indignado, olhou discretamente para todos os lados, quando viu o malandro, ou malandra, pois naquele momento avistou a coisa mais linda que Deus havia lhe apresentado. Uma bela dama, com um sorriso largo e espontâneo, parecia enfeitiçado por aquele ser e sem notar olhava fixamente para ela com a cara mais bocó possível, sem disfarçar.
A moça diminuía as gargalhadas, notara que o comico rapaz a encarava sério, sem piscar ou demonstrando qualquer expressão facial. Sem graça cumprimentou-o com um singelo aceno, mas ele parecia paralisado. Ao pigarrear seguidas vezes conseguiu trazer de volta a consciência do homem estranho, que sem saber o que dizer ou fazer diante daquela constrangedora situação, a chamou para almoçar juntos. Ela interessada, aceitou o convite e o cobriu com simpatia e personalidade.
Luiz, pela primeira vez na vida havia se apaixonado, aquela mulher desinibida, cheia de histórias e experiências que ele achava ser só possível em filmes. As horas passavam, mas ele não cansava de ouvir aquela linda mulher, desligou o celular para ninguém atrapalhar aquele momento único em sua vida.
Ela que gostava de falar, ficou encantada com o jeitinho inocente e puro com que a olhava, a atenção que ele dava e a cada volta do ponteiro se sentia mais especial diante daquele nerd com seus oito graus e meio em cada olho e uma lupa no lugar das lentes dos óculos.


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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Jogo Perverso




O mundo estava pegando fogo
Ninguém poderia me salvar, exceto você
Estranho, o que o desejo faz as pessoas tolas fazerem
Eu nunca sonhei que eu conheceria alguém como você
E eu nunca sonhei que eu precisaria de alguém como você


Não, eu não quero me apaixonar
(este mundo vai apenas partir seu coração)
Por você

Que jogo perverso você joga
Para fazer eu me sentir assim!
Deixar eu sonhar com você
Que coisa perversa de dizer!
Que você nunca se sentiu assim
Que coisa perversa de se fazer!
Fazer eu sonhar com você

Não, eu não quero me apaixonar
(este mundo vai apenas partir seu coração)

O mundo estava pegando fogo
Ninguém poderia me salvar, exceto você
Estranho o que o desejo faz as pessoas tolas fazerem
Eu nunca sonhei que eu amaria alguém como você
E eu nunca sonhei que eu perderia alguém como você

Não, eu não quero me apaixonar
(este mundo vai apenas partir seu coração)
Por você
(esta garota vai apenas partir seu coração)

Não eu... (esta garota vai apenas partir seu coração)


Ninguém ama ninguém.






Tradução da música Wicked Game - Chris Isaac

Preste atenção


Preferes a duvida a certeza, o fútil a felicidade,
Ao amor puro e intenso regado a vinho, a algo controlável e banal
Um dia já fostes minha e hoje me tratas com indiferença
Preferes arriscar num novo erro a tentar aquilo que ficou pelo caminho
Intimidade, carinho, companheirismo e afinidade
Trocados pelo o quê coração? Há algo melhor?
Excitação? Somos anjos de uma asa só.
Para voar e sermos felizes temos de voar abraçados
Chega de dar murros em ponta de faca, segure minha mão
Os momentos de burrices e tentativas idiotas já estão acabados
O tempo é justo e quando eu oferecer o pouco muito que tenho,
Só não diga: - Não!


Gabriel Hildebrand

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Até que a mudança os separe...


O tempo passa rápido, tão rápido que nem percebemos. Foi ontem que bati na sua porta perguntando se tinha açúcar, com minha cabeça de adolescente “american pie” possuidora de uma poderosa imaginação fértil. Seis anos se passaram e como poderia imaginar que dali sairia uma amizade tão intensa e verdadeira.
Muita coisa vivemos juntos, nossas conversas de horas no corredor, nossos filmes a noite em que um sempre dormia primeiro e o outro ficava lá assistindo e fazendo cafunés até o filme terminar. As idas ao extra, fazendo merdas e mais merdas lá dentro, como a corrida de carrinhos pra deficientes, cuja tua missão era se fingir de manca pra obter o veículo. Porém não dávamos só prejuízos ao coitado do mercado, comprávamos sorvetes e muita calda de chocolate e fazíamos nossos famosos sundaes. Nossas sociais, com pizzas caseiras, guerrinhas de presunto e muita farra.
Dias estranhos também faziam parte da nossa rotina, quando numa bela noite, você se fantasiou de homem e eu de mulher, que na verdade parecia uma traveca muito da bizarra. Andamos por todo o prédio tirando mil fotos que graças a deus nunca apareceram.
O aniversário da tua mãe, no qual fizemos a festa surpresa com cartazes e um festival inesquecível de piadas. No Hard Rock foi onde nos divertimos mais, dançando, enchendo o rabo de refrigerante e depois ficávamos com nossas imbecis brincadeiras pessoais com os alheios, morrendo de rir com algo que só nós entendíamos.
Era a alegria do prédio quando você com as outras meninas iam pra piscina, porém quando chegavam às meninas mais velhas, os olhos da puberdade se esqueciam das ninfetas de cinco minutos antes, coisa de meninos.
Crescemos, amaduremos e os namoros vinham com essa mesma evolução, à separação momentânea era inevitável, contudo continuávamos nossas conversas, só que agora mais sérias pelo menos, sérias para nós.
Tudo tem o seu fim, os das nossas relações foram sincronizados e quando esse fim chega, geralmente machuca e nos faz sofrer. Conosco não foi diferente, a cena no sofá, com os dois chorando e comendo docinhos que sobraram de um casamento, ainda está fresca em minhas memórias.
O engraçado é que em todo esse tempo nunca brigamos ou discutimos algo sério, pelo contrário, sempre ajudávamos e nos amparávamos um no outro nos momentos mais difíceis. Do oitavo andar, pra ser minha vizinha, minha amiga, minha companheira, meu anjo da guarda, uma guardiã que cuida de um bêbado no meio da tarde, dando pão com ovo. Bota-o pra dormir no seu aniversário, pra que ele não faça besteiras saindo com os amigos, a única que conhece todas minhas artimanhas e falcatruas desse maluco.
Nunca consegui mentir para você, vai ver por isso nossa amizade seja tão sincera, não há nem mentirinhas de educação, é tudo na lata, doa a quem doer, isso é algo raro, muito raro mesmo numa amizade.
Todavia, não foi só você que cuidou de mim não, tive meus momentos de protetor também. Como no dia que você ficou bêbada chorando dentro da boate e eu como um príncipe ou sapo encantado, lhe tirei do meio daquele povo e a confortei. Além de sapo encantado, também fui professor de skate, de violão e de outras habilidades que possuo e tento repassar a você, que é lerdinha, mas torço pra que um dia aprenda.
Nossas tentativas gastronômicas que apesar das caras ruins, eram gostosos, até dávamos nomes a eles, aliás, não há melhor parceira na cozinha que você.
Poderia fazer uma poesia sobre você, seria até mais bonito, porém não conseguiria mostrar o que vivemos juntos com nossas aventuras e histórias. Você sabe que se tornou uma das pessoas mais importantes pra mim, confio demais em você e sei que a recíproca é verdadeira.
A proposta de casamento ainda está de pé, mas para isso você ainda precisa ser mais sexy e selvagem. Também melhorar no gosto pra escolher seus casos, pois até nisso somos parecidos, o nosso famoso dedo podre. Tirando esses detalhes, seria a mulher mais perfeita do mundo, até porque tem os mesmos gostos do que eu. Em quase tudo, já que meu estilo não te agrada tanto assim.
Esse texto é pouco pra resumir o que sinto por você e o que eu ainda tenho pra te dizer, contudo acho que deu pra ter uma idéia de como passamos tantas coisas, que por ora passam despercebidas.
Obrigado por existir na minha vida, agüentar minhas loucuras e por muitas vezes embarcar comigo nelas, por me confortar com seus tímidos e gostosos cafunés.
Obrigado minha Suvanir, nariguda, Bubuca, parceira, amiga leal. A minha Bruninha tanto amo e admiro.




Gabriel Hildenbrand

Codinome Beija-Flor


Pra que mentir

Fingir que perdoou

Tentar ficar amigos sem rancor

A emoção acabou

Que coincidência é o amor

A nossa música nunca mais tocou...
Pra que usar de tanta educação

Pra destilar terceiras intenções

Desperdiçando o meu mel

Devagarzinho, flor em flor

Entre os meus inimigos, beija-flor
Eu protegi o teu nome por amor

Em um codinome, Beija-flor

Não responda nunca, meu amor

Pra qualquer um na rua, Beija-flor
Que só eu que podia

Dentro da tua orelha fria

Dizer segredos de liquidificador
Você sonhava acordada

Um jeito de não sentir dor

Prendia o choro e aguava o bom do amor

Prendia o choro e aguava o bom do amor




Letra da música Codinome Beija-Flor - Cazuza

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Grandes Mulheres...


Madeixas d’ouro do ocaso do grande e poderoso farol,
Sobressaindo o verde das calmas águas oceânicas.
És a beleza vibrante e pura do pôr do sol.

Corpo hefaístico, forjado no fogo de quem se ama,
Talhado e feito aos moldes da deusa do amor.
És a veemência e ousadia dentro de uma dama.

Não se engane com seu jeito melindroso e pacato
És feroz, bravia, chama intensa e quente.
Não a entristeça, reveja se vale a pena tal ato.
És justa aos que ama e ajuda incondicionalmente.

És a única que consegues provocar calor no frio
Sensual com seu jeito meigo de menina mulher
Amiga, companheira, confidente de ombro macio
Inteligente e sábia, sabe usar seu poder quando quer.


Olhar profundo e selvagem, como de uma leoa
Muitas tentam copiar, contudo é a mais bela
Tenho imenso orgulho de lhe chamar de patroa
E agradeço por conhecer um ser tão apaixonante
Como só tu és minha terrível e linda Marcela.


Gabriel Hildenbrand

Hermanos Way Love


Cara valente de máscara negra.
Cara estranho e pouco carinhoso.
Quero liberdade, mas não sem ter você

Numa manhã da janela da minha casa pré-fabricada,
Avistei a flor, num horizonte distante
De onde vem à calma com o ritmo da chuva.

Os pássaros emitiam tanto amor nos cantos,
Que em onze dias fiz minha despedida.
Partindo em busca de ser feliz, de ter alguém pra mim.
Fui além do que se vê, sem achar esse outro alguém.

Cara valente de máscara negra
Cara estranho e pouco carinhoso
Quase sem querer fiz a descoberta da minha primavera.

Tenha dó, pois viver tão sozinho é de lagrima
Lágrimas sofridas eram tantas que fez-se mar
O vento guiava, sentia o mundo aos meus pés

Naveguei na maresia com dois barcos velhos e acabados
Em um, só meu coração, ou o pouco que sobrou dele,
No outro o resto de mim, com dúvidas e traumas.
Deixa estar, do jeito que vou, encontrarei meu amor.

Cara valente de máscara negra
Cara estranho e pouco carinhoso
Quando eu digo que somos dois em um, creia.

Num sábado morto, mais uma santa chuva
Minhas esperanças de lhe ter já se extinguiam
Contudo a vi numa alta rocha, única e soberba.

Não sabia seu nome, mas pouco me importou,
Podia ser Aline, Carol, Melissa, Gabriela,
Anna Julia, Bárbara ou até mesmo Lisbela.
Minha felicidade ressurgia com aquela linda flor.

Cara valente de máscara negra
Cara estranho e pouco carinhoso
Ainda é cedo pra um bom dia, pois todo carnaval tem seu fim.

Comecei numa conversa de botas batidas
Puxei assunto, pra falar de amor em seguida
Proferi o amor de Romeu e Julieta, para ver se cola

Finalmente tinha achado a outra parte que me faltava
Consegui convencê-la a vir comigo asseverando:
-Veja bem meu bem, vou tirar você desse lugar, vambora!
Colhi minha bela flor e trouxe comigo na volta pra casa.

Cara valente agora sem máscara
Cara estranho que aprendeu a dar carinho
Não mais um Pierrot, chega de fingir na hora de rir.

Hoje sentimental, o coração voltava a bater
Era um sapato novo, como todo começo de relação
Sobre o tempo amaciado se torna perfeito, mas cômodo demais

O tesão foi-se com os ocasos e virou um amor sem paixão.
Uma vida medíocre como à de alguém na condicional
Torce pra noite não vir, pois sabe o que te espera em casa
Um troço seco e aguado, não a comida e sim o amado

Cara covarde de máscara negra
Amor estranho e sem carinho
Minha vida era um cinema mudo, chata à palo seco.

Apaixonou-se pelo primeiro e sétimo andar
Escolhe o velho e o moço pra se deitar
Eu fecho os olhos, como criança com raiva de quem sabe

Afinal procurei aquela flor, logo eu era o erro
Do lado de dentro nem ciúme eu sentia
Preferia ter do meu lado minha Morena
Que voltar a aquela vida cheias de problemas

Um cara, apenas um cara.
Adeus você, minha flor, pois assim será
Cansei de me magoar e se fiz o mesmo me perdoa
Sabemos que não somos mais um par

Permitimos nossa afeição se evaporar
Nossa vida agora geométrica, como esquadros
Sem harmonia para mais uma canção
Que venha o inverno e deixa o verão

Você sempre será meu ultimo romance.
Como a fênix, sei que um dia vamos voltar
E assim poderei dizer a minha bela flor:
- Sofri, chorei, lutei, quase perdi, porém o mundo dá voltas.
No final me juntei a ti, conquistando teu amor. Fui o vencedor.




Gabriel Hildenbrand

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A auto-significação de uns vocábulos pra ti .


Conhecer.
Conheci você da maneira mais despretensiosa e jamais me arrependi de elogiar aquele teu lindo vestido.
Gostar.
Logo de primeira gostei da sua personalidade forte e sua inteligência, com um humor leve, sorriso grande e cativante.
Conversar.
Nossas conversas de horas e cada vez mais próximos ficávamos.
Encantar
Teu beijo me encantou de tal jeito, que procuro até hoje em outros lábios os teus.
Querer.
Quero-te bem, mas quero mesmo é ter você ao meu lado.
Encontrar.
Você sabe aonde se encontra a felicidade, mas prefere andar num caminho contrário, fique a favor do vento e pegue minha mão.
Ir.
Você foi embora da minha vida, morro de saudades da sua pele e do seu carinho.
Voltar.
Sei que um dia você vai voltar, mas não demore meu amor.
Amar.
Aquela cabana em Búzios, eu pescando e você na rede me olhando, rindo das minhas loucuras e vendo que finalmente aprendeu o significado do único verbo que até então era um mistério, simples e curto, contudo passamos a vida a procurar. Amo-te.


Gabriel Hildenbrand