terça-feira, 17 de novembro de 2009

Memórias de um romance sem lembranças - Parte II


O dia ia chegando ao fim, depois de horas de conversa, resolveram ir a um lugar mais tranqüilo para ficarem a sós. Ela deu pediu para que escolher o local, tinha algo em mente, contudo tinha que ser surpresa até chegar e ele ainda perplexo com a criatura que tinha descoberto tava topando tudo, estava em suas mãos.
No caminho comprovou que além de uma mulher linda, com um corpo talhado de forma divina, engraçada e de personalidade forte, era também uma motorista de fuga de presídio, pois dirigia de forma louca e agressiva, costurava os carros, xingava os pedestres e muitas vezes conversava olhando para ele e esquecendo a direção. Ele mesmo tendo tomado seu café como o médico aconselhara, estava com ânsias de vomito e o ataque de tremedeiras estava num estagio avançado, tinha certeza que ia enfartar dentro daquele chevette setenta e cinco.
Ao estacionar o carro, Gabi pediu pra que ele tampasse os olhos e confiasse nela, sem titubear fechou os olhos, antes explicou que era só tirar os óculos que daria no mesmo, porém ela mesmo assim preferiu tampar seus olhos. Com os mesmos vendados, subiu uma espécie de ladeira ou pedra, chegando ao topo finalmente pode abri-los, porém não adiantou muito, porque mesmo assim nada conseguia ver, só após colocar seu telescópio facial. Nunca tinha visto algo tão belo, estava no alto das pedras do Arpoador e como vista o pôr do sol mais lindo da sua vida, na verdade o primeiro que havia parado pra ver em toda ela.
A brisa e a maresia acariciavam seu rosto, emocionado e sem palavras, sentia-se livre como as gaivotas que por ali sobrevoavam. Ela o abraçou pelas costas, com a cabeça apoiada sobre seus ombros, sua respiração suave e confortadora ao pé do ouvido o excitava. Aplicando um leve impulso para que ele se sentasse, começou a beijar seu pescoço e ao passar delicadamente seus grossos lábios em sua nuca, fez-se um arrepio em todo corpo. Com o clima esquentando a cada descida do sol sob os Dois Irmãos e o bater das ondas nas pedras, os dois finalmente tocaram seus lábios, algo mágico acontecia.
Ela o tinha nas mãos, o ingênuo garoto mal sabia o que fazia, apesar de ser mais velho, era ela que tinha experiência de sobra e o conduzia como numa dança. Suas mãos suavam de nervosismo, ele tremia. Afinal, nunca esteve com uma mulher tão linda ao lado, na verdade nunca tinha estado com uma mulher de verdade, em toda sua vida conheceu mulheres pela internet e possuiu as mais desejadas atrizes das novelas, em sua fértil imaginação ao banheiro, nos seus momentos de solidão.
A noite havia chegado e com ela o crepúsculo lunar, deitados se olhando fixamente, como que lendo a alma uma do outro e tentando decifrá-la.
Ele sem muitas malícias, alisava-a o rosto, com um sorriso de criança no natal. Ela apenas deixava as coisas acontecerem, se espantando com aquele franzino rapaz que só a admirava, pela primeira vez não queria só transar com ela, queria conhecê-la, escutar e entender. Passaram a noite toda juntos, sob a sentinela das milhares de estrelas que contemplavam aquele conto de fadas contemporâneo.


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