quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Até que a mudança os separe...


O tempo passa rápido, tão rápido que nem percebemos. Foi ontem que bati na sua porta perguntando se tinha açúcar, com minha cabeça de adolescente “american pie” possuidora de uma poderosa imaginação fértil. Seis anos se passaram e como poderia imaginar que dali sairia uma amizade tão intensa e verdadeira.
Muita coisa vivemos juntos, nossas conversas de horas no corredor, nossos filmes a noite em que um sempre dormia primeiro e o outro ficava lá assistindo e fazendo cafunés até o filme terminar. As idas ao extra, fazendo merdas e mais merdas lá dentro, como a corrida de carrinhos pra deficientes, cuja tua missão era se fingir de manca pra obter o veículo. Porém não dávamos só prejuízos ao coitado do mercado, comprávamos sorvetes e muita calda de chocolate e fazíamos nossos famosos sundaes. Nossas sociais, com pizzas caseiras, guerrinhas de presunto e muita farra.
Dias estranhos também faziam parte da nossa rotina, quando numa bela noite, você se fantasiou de homem e eu de mulher, que na verdade parecia uma traveca muito da bizarra. Andamos por todo o prédio tirando mil fotos que graças a deus nunca apareceram.
O aniversário da tua mãe, no qual fizemos a festa surpresa com cartazes e um festival inesquecível de piadas. No Hard Rock foi onde nos divertimos mais, dançando, enchendo o rabo de refrigerante e depois ficávamos com nossas imbecis brincadeiras pessoais com os alheios, morrendo de rir com algo que só nós entendíamos.
Era a alegria do prédio quando você com as outras meninas iam pra piscina, porém quando chegavam às meninas mais velhas, os olhos da puberdade se esqueciam das ninfetas de cinco minutos antes, coisa de meninos.
Crescemos, amaduremos e os namoros vinham com essa mesma evolução, à separação momentânea era inevitável, contudo continuávamos nossas conversas, só que agora mais sérias pelo menos, sérias para nós.
Tudo tem o seu fim, os das nossas relações foram sincronizados e quando esse fim chega, geralmente machuca e nos faz sofrer. Conosco não foi diferente, a cena no sofá, com os dois chorando e comendo docinhos que sobraram de um casamento, ainda está fresca em minhas memórias.
O engraçado é que em todo esse tempo nunca brigamos ou discutimos algo sério, pelo contrário, sempre ajudávamos e nos amparávamos um no outro nos momentos mais difíceis. Do oitavo andar, pra ser minha vizinha, minha amiga, minha companheira, meu anjo da guarda, uma guardiã que cuida de um bêbado no meio da tarde, dando pão com ovo. Bota-o pra dormir no seu aniversário, pra que ele não faça besteiras saindo com os amigos, a única que conhece todas minhas artimanhas e falcatruas desse maluco.
Nunca consegui mentir para você, vai ver por isso nossa amizade seja tão sincera, não há nem mentirinhas de educação, é tudo na lata, doa a quem doer, isso é algo raro, muito raro mesmo numa amizade.
Todavia, não foi só você que cuidou de mim não, tive meus momentos de protetor também. Como no dia que você ficou bêbada chorando dentro da boate e eu como um príncipe ou sapo encantado, lhe tirei do meio daquele povo e a confortei. Além de sapo encantado, também fui professor de skate, de violão e de outras habilidades que possuo e tento repassar a você, que é lerdinha, mas torço pra que um dia aprenda.
Nossas tentativas gastronômicas que apesar das caras ruins, eram gostosos, até dávamos nomes a eles, aliás, não há melhor parceira na cozinha que você.
Poderia fazer uma poesia sobre você, seria até mais bonito, porém não conseguiria mostrar o que vivemos juntos com nossas aventuras e histórias. Você sabe que se tornou uma das pessoas mais importantes pra mim, confio demais em você e sei que a recíproca é verdadeira.
A proposta de casamento ainda está de pé, mas para isso você ainda precisa ser mais sexy e selvagem. Também melhorar no gosto pra escolher seus casos, pois até nisso somos parecidos, o nosso famoso dedo podre. Tirando esses detalhes, seria a mulher mais perfeita do mundo, até porque tem os mesmos gostos do que eu. Em quase tudo, já que meu estilo não te agrada tanto assim.
Esse texto é pouco pra resumir o que sinto por você e o que eu ainda tenho pra te dizer, contudo acho que deu pra ter uma idéia de como passamos tantas coisas, que por ora passam despercebidas.
Obrigado por existir na minha vida, agüentar minhas loucuras e por muitas vezes embarcar comigo nelas, por me confortar com seus tímidos e gostosos cafunés.
Obrigado minha Suvanir, nariguda, Bubuca, parceira, amiga leal. A minha Bruninha tanto amo e admiro.




Gabriel Hildenbrand

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