segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Satisfeito sorri.


Um velho fazendeiro acostumado a lidar com grandes plantações, um dia herdou de um parente distante um pequeno pomar. No começo, o homem se recusou a ir ver sua herança, afinal ele tinha suas próprias terras e um pequeno punhado não seria de grande ajuda. Contudo a curiosidade venceu e ele finalmente foi ver o que haviam lhe deixado.

Pequeno, sem vida, ao olhar a terra, pensava que jamais poderia plantar algo ali. A terra estava rachada, o solo seco, parecia que a muito não era regado.  Olhando aquele pedacinho de nada, o homem pensou em ir embora, porém via umas nuvens negras se aproximando e resolveu se abrigar na velha casa do pomar, pelo menos até a tempestade passar.

Ao acordar viu, já arrumara o cavalo para partir, quando notou que pequenos brotos brotavam das rachaduras daquela terra que antes era seca. Esperançoso e querendo ver do que eram aquelas pequeninas árvores. Mais um dia se passou e de forma incrível os antes brotos, agora eram árvores com raízes mais firmadas, ganhando força e forma. E flores começavam a germinar ali.

Três dias haviam de passado, as flores desabrochavam e com elas, veio logo depois os esperados frutos. Eram laranjas, com uma cor viva, grandes, talvez as mais bonitas que aquele velho agricultor havia visto. Ele pegou uma para experimentar, era a laranja mais doce que havia provado, ali sentado debaixo daquela árvore, ele se fartara de laranjas e esquecera de qualquer problema que antes havia passado.


Quando finalmente pensava em deixar suas terras  e viver ali naquele pomar com suas laranjas, veio os primeiros contratempos. Uma peste infestou o pomar e quase acabou com as poucas árvores que ali tinham. O homem fez de tudo para conter a praga, até optou por queimar as árvores já condenadas, entretanto o vento forte veio, o fogo se espalhou e sobrou apenas uma árvores no pequeno pomar.

Triste, sentado em meio às cinzas, o homem chorava por ter perdido o que depois de muitos anos, lhe despertou o prazer e a alegria de viver. Sem suas laranjas, sem seu pomar, apenas uma árvores para cuidar. O chamavam de maluco por insistir em ficar ali do lado daquela árvore condenada pelo tempo.


Ele tentou replantar, colocou pequenas mudas, mas nada mais nascia naquela terra. Sem desistir o velho homem passou ali anos, cuidando daquela pequena árvore e após uns anos faleceu deixando aquelas terras de uma só árvore, sem dono.

O tempo passou, chuvas vieram, novas árvores ali nasceram, novos frutos, mas quem conheceu a história daquele velho e suas laranjas, jamais a esqueceu. O antigo pomar teve outros donos, muitos desdenhavam do carinho que o fazendeiro tinha por aquelas terras. Afinal ele possuía outras maiores e melhores. Diziam, "são apenas laranjas", mas mesmo assim os anos não apagaram a dedicação daquele fazendeiro, que jamais desistiu. Hoje, o local aonde passou sua vida a cuidar, é chamado em homenagem a sua grande paixão... Laranjeiras.


No final não eram apenas laranjas.




Gabriel Hildenbrand

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Manda o Coração

Mandou-me ir. Fui.
Entre as ruínas e destroços fugi,
Em vão, pois por onde fosse atrás vinha a solidão,
Para sobreviver, menti, omiti.
Pedi calmaria, ela veio e pouco durou, pois logo veio o furacão.

Mandando tudo pelos ares. Renasci.
O vento levantou a poeira,
Revelando o que até então achava que tinha perdido
Temi pelo que vi, por mais que relutar eu queira
Não resisti, me entreguei e tive realizado meu pedido.

Mandaram esquecer, desistir. Sorri.
O sol iluminava meu andar,
Seus lindos olhos refletiam minha felicidade,
Os meus o seu sorriso, o seu gargalhar
Sua lisa pele morena, sensualiza. Pelo menos metade

Mandei meu peito ir devagar. Senti.
Seus cabelos esparramados pela cama,
Sua boca me provocando arrepios.
Meu nome ganha outro significado quando é ela quem chama,
Seu hipnotizante corpo quente se contrastará com o futuro frio.

Mandou, mandando, mandaram, mandei. Manda.
Não se escolhe de quem gosta,
De nada adianta ter força ou forte convicção,
E carregando a saudade de nossa aposta.
Você enfim venceu e por mais que eu tente dizer não. Quem manda mesmo no fim é o coração.

Gabriel Hildenbrand






sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Grandes Mulheres...



Pela idade, minha menina

Pela sabedoria, me ensina
Pela sanidade, me alucina
Pelo sentimento, minha estima
Pelo momento, o clima
Pela idade, me alucina
Pela sabedoria, minha estima
Pela sanidade, me ensina
Pelo sentimento, o clima
Pelo momento, minha menina
Tudo isso só rima, se for contigo. Bruna.



Gabriel Hildenbrand

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A cara da moça


Conheci moça
Encantei-me de cara

Mas a moça

Nem moça mais era
Se vendia, não era cara
Minha cara moça
O que esperar de uma namorada?
Se tira nada, fica só o amor.



Amor não mantém

Julga a sociedade
Que nem sua mão tem
Sócios, idade pudica
A mor das hipocrisias
Por dica da putrefata moral
O que esperar de uma namorada?
Se tira o amor, fica nada.

Gabriel Hildenbrand

Jogo dos Sons


Uma salva de palmas

Pra aqueles que perderam sua alma

Que não tem mais o que acalma
Só angústia em forma de trauma



Cigana me engana

Cigana se engana
Me engana não



Deixe suas mentiras lá fora

Melhor, espere no portão
Por tão cruel que pareça
Sofrerei menos na solidão

Pensamentos encharcam de mágoa
Rosto encharca de água

Perdes-te respeito
Saíste do peito

Perdes-te prioridade
Cheguei talvez na pior idade

Senti sem ti.


Gabriel Hildenbrand

domingo, 1 de abril de 2012

Pra que você foi ter o nome da mãe do Divino!


Maria, fugiu e me deixou com o menino
Maria levaste dinheiro e deixou a bebida
Maria sacana deixaste minha vida, fulgida.
O povo comenta na rua,
Indagam se você era pura.
Eu digo pra quem duvida:
- Se quiser lhe tiro a vida.
Maria, não volte por favor
Aqui não reside mais o amor
No bairro não há quem não ria
Quando se ecoa o nome Maria
O povo comenta na rua
Indagam uns se você era pura
Outros se era astuta.
Eu resumo Maria numa bela filha da...
Pra que você foi ter o nome da mãe do Divino.

terça-feira, 27 de março de 2012

Odisseia Sertaneja Parte - 1


Onde nasci debaixo de sol quente
Lá no mucambo de quintal rachado
Mainha jeitava o pixaim com pente
E eu a sarapantar sua beleza apalermado
Vestia os farrapo e pro comicio rumava a gente
Fuzuê, magote de luzes, brinquedos, lugar encantado
Um moço bem panhado do alto palanque falava
Falava bonito do nosso futuro
Que ia acabar com os dias de fome
Nunca mais iamos ficar no escuro
Era só num tal dia escolher seu nome

Mainha fez o prometido, mas o prometido não se fez
Ficava esperando que um dia chegasse a sua vez
Injuriada, vendo na tv o moço, agora importante
Se indagando solitária do por que de seus pobrema
E ouvia um murmúrio, bem baixinho dentro da cabeça
Uma voz sombria falando de bem distante
Que o seu maior problema é o seu pobre amar
Que o seu maior problema é o seu pobre amar
Que o seu maior problema é o seu pobre amar

Por levar a unica flor do meu sertão,
Entrei de mal com Deus e desde novo aprendi a me virar
Fazer farinha de macaxeira com mandacaru pros meu irmão
Pelejar o dia inteiro sem esperança dos dias de calmaria chegar
Chega dessa vida de brocoió, vou atrás da solução
Agora vai ser diferente, vou-me embora pra capital estudar
De pau-de-arara um mulambo e seus cinco
No caminho se achegava mais e mais gente de história parecida
As minhas dificuldades, agora vejo que não só eu sinto
Mas aquele povo podia ter esperança, pois eu ia de muda suas vida
Dali comecei a prosar e explicar
Que o pobre amar é nosso pobrema
Que o pobre amar é nosso pobrema
Que o pobre amar é nosso pobrema

segunda-feira, 26 de março de 2012

Desperdício.


Um verdadeiro amor não se joga fora

Com mentiras que se espalham como um tumor

Deu adeus a nossa paz e a nossa história

Hoje só o que sobrou foi a dor

Dor de ver que deixou-me ir embora

Tão fácil que vazio sinto que estou

Quem vier preencher, que venha agora

E não ligue para ruínas que restou

Sei que homem não chora

E não chorarei por ti tolo amor

O que fizeste conosco minha senhora?

Deixou meu peito inflado de rancor

Agora te prepares, pois abriu uma caixa de pandora.

domingo, 25 de março de 2012

A saudade que o riso faz.


O tempo leva os nossos anos.

Leva nossas lembranças.

Leva nossos sonhos.

Leva nossa mocidade
.
O que era moda, vira brega,

O que era lindo, vira feio,

O que era puro, se corrompe

O que se corrompe, se purifica.

A unica coisa que o tempo não é capaz de levar é o humor.

Ele sim é imortal.

Levar-te ao choro é fácil, mas fazer você rir todos os dias é um eterno desafio.